Delícias são tudo o que nos faz felizes: um livro, a magia dum poema ou duma música, as cores duma paleta ... No jardim o sol não raia sempre mas pulsa a vida, premente.
Apoio de Isabel do Carmo à manifestação de 2 de Março
Isabel do Carmo O meu amigo matou-se
É um dos motivos porque vou à manifestação do dia 2 de Março.
Vou também em nome do meu amigo. No dia 18 de Fevereiro o meu amigo J. C. de...u um tiro na cabeça. Já não vai a esta manifestação.
Era um indigente ou um faminto? Não. Era um exemplo da chamada classe média. Gostava da vida. De comer, de dançar, de ir à praia. Ele e a mulher comportavam-se como dois namorados, depois de todos estes anos. Gostava dos filhos, a quem era muito chegado, gostava da neta. Gostava do trabalho. Mas, a situação a que nos levaram criou um labirinto sem saída. De facto, sem saída para uma grande parte da população. Deixemo-nos de flores, de «há soluções para tudo», de «é preciso ter esperança» ou de «há-de correr bem».
Há certas situações que não têm solução à vista. Tinha os pais em casa com oitenta e tal anos e tinham chegado ao ponto de não conseguirem tratar de si próprios. Solução? Um «lar» custa 1300 euros para cada um. Uma empregada permanente anda por aí.
Tinha empregados a quem tinha que pagar salários todos os meses. Tinha empréstimos ao banco, crédito a cumprir, letras. Tinha clientes que não pagavam, porque por sua vez não lhes pagavam a eles.
Os filhos trabalhavam, mas havia um apoio indispensável, por causa da precariedade e por causa de situações de doença.
O senhorio acabava de, em concordância com a nova lei das rendas, passar-lhe a renda para o dobro. Tinha solução para esta espiral que todos os dias se agravava? Não tinha.
Declarava insolvência, renunciava a todos os pequenos bens, ia para a rua, abandonava pais e filhos ao destino? Claro, tudo é possível.
Mas a dignidade tem um preço.
Os amigos podiam ajudar? Muito pouco. Foi com certeza em nome da dignidade que teve a coragem de acabar com a vida.
Nesse mesmo dia veio ter ao Serviço de Urgência do Hospital de Santa Maria uma senhora que se atirou para debaixo do comboio do Metro. Salvaram-na, mas ficou sem um braço. Dias antes atirara-se a professora e o filho de uma janela em Bragança. Na ponte da Arrábida são frequentes os ajuntamentos porque alguém se atirou.
Estamos a assistir a uma epidemia?
Como os nossos governantes e as estruturas internacionais e o poder financeiro mundial já não distinguem entre o Bem e o Mal, temos nós que desobedecer às leis do Mal, protestar, mas não só. Encontrar o caminho para derrubar este Poder. No dia 2 de Março o meu caminho começará na Maternidade Alfredo da Costa na Maré Branca e continuará com todos os outros, através de Lisboa.
(para facilitar a leitura reproduz-se o texto em baixo)
COMUNICADO N.º 10/13
A MANIFESTAÇÃO DE SÁBADO TAMBÉM NOS DIZ RESPEITO A NÓS
A solidariedade é um dos grandes motores da nossa luta. A CT recebeu ontem uma mensagem de solidariedade, notável pela sua lista de subscritores: são todos os pre...sidentes de CTs das estações públicas de rádio e televisão alemãs, de âmbito regional e nacional, as que constituem a ARD, bem como da Deutschlandfunk, da Deutsche Welle e da ZDF.
Tinham colocado a situação da RTP na ordem de trabalhos da sua reunião trimestral e aí aprovaram a moção que nos enviaram. Da Alemanha não chegam apenas as instruções de Angela Merkel, que Passos Coelho segue ao pé da letra, para depois se fazer apupar em todo o lado. A nós, chega-nos o apoio dos nossos colegas da rádio e da televisão alemãs.
A "avaliação" de Portugal pela troika é a hora de voltarmos à rua. Tal como estivemos na manifestação de 15 de setembro para fazer cair o roubo da TSU, apelamos a todos e todas as colegas a que participem na manifestação do próximo sábado, dia 2 de março. Levaremos a nossa solidariedade a todos os que lutam contra esta política de confisco interminável, e reforçaremos com a nossa presença a solidariedade que tanta gente tem demonstrado à RTP, contra os planos de desmantelamento teimosamente perseguidos pelo ministro Miguel Relvas.
No sábado, às 15h30, ponto de encontro da RTP em frente do Diário de Notícias, ao Marquês de Pombal. Comparece e participa!
O Secretariado da Comissão de Trabalhadores da RTP comissao.trabalhadores@rtp.pt