Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Jardim das Delícias



Quarta-feira, 20.08.14

Exemplo/Lua Bonita - Maria Bethânia, Caetano Veloso e Dona Canô

 

Maria Bethânia, Caetano Veloso e Dona Canô  Exemplo/Lua Bonita

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 21:00

Quarta-feira, 20.08.14

O rosto da mulher através de 500 anos de arte

 

O rosto da mulher através de 500 anos de arte

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 19:00

Quarta-feira, 20.08.14

"Enquanto descia o rio Mekong .." - Possidónio Cachapa

 

Possidónio Cachapa  "Enquanto descia o rio Mekong .."

 

 

(Autor desconhecido)

 

 

   Enquanto descia o rio Mekong, em direcção a Luang Prabang, rodeado de mochileiros como eu, que o são por necessidade ou vocação, antes de voltarem aos seus trabalhos nas Nações Unidas, nas universidades, ou nas companhias importadoras de plantas medicinais, só para dar três exemplos, observava as margens cobertas de florestas onde dá a impressão de nem caber uma serpente, e penso nos seres que ali habitam, escondidos. Na distância, não avisto pássaros, e parece-me que os elefantes teriam dificuldade em galgar as inclinadíssimas colinas. Mas, talvez, me engane...

As água do rio correm, vermelhas, barrosas, mesmo se o céu se mantém azul e o calor, atenuado pelo movimento do barco, diminui.

Perto, uma espanhola de Cárceres e uma equatoriana que vive em Paris, discutem temas da espiritualidade. Ficaram muito entusiasmadas quando no meio da conversa confessei ser escritor, com obra razoável publicada. Fizeram um chinfrim que atraiu outros companheiros de rota, igualmente interessados naquilo que pensa um escritor quando cria. Anotaram tudo, para investigar, talvez, quando revirem as fotos de viagem. Não me atrevi a dizer-lhes que venho de um país onde isso nada vale. Coisa de somenos, no meio do futebol e da política.

No meio da vegetação, avisto algumas praias, com canoas atracadas, um búfalo ou outro a descansar.

As águas de barro escorrem no meio de rochas traiçoeiras e rápidos.

O barco desliza, humildemente sereno. E nós, com ele.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 17:00

Quarta-feira, 20.08.14

Uma forma de pensar - Adão Cruz

 

Adão Cruz  Uma forma de pensar

 

(Adão Cruz)

 

 

   A arte e a poesia são irmãs gémeas, mas a poesia é, por assim dizer, a irmã mais gémea, a gémea por excelência. E isto porque a poesia, ou melhor dizendo, o sentimento poético percorre transversalmente qualquer forma de expressão artística, e qualquer forma de expressão artística só será obra de arte se contiver dentro de si o sentimento poético. Como sempre tenho dito, a poesia é um sentimento como outro qualquer, como o sentimento do amor, por exemplo. O facto de vermos alguém de braço dado ou alguém numa cena aparentemente amorosa, não é garantia de que entre eles haja amor, pois este sentimento pode não existir ou existir em grau que vai do frágil e superficial ao mais profundo. Com o sentimento poético acontece provavelmente o mesmo. Não é por termos à frente dos olhos uma obra aparentemente bem feita ou um poema aparentemente bem escrito que podemos dizer que ali está a poesia. Pode não estar e muitas vezes não está, sendo difícil que, desta forma, estejamos perante uma obra de arte. Custa-me dizer isto, mas cada vez mais gosto muito de poucas coisas. O que por aí se passa em relação à poesia é, quanto a mim, uma tristeza, porque fazer poesia, descobrir o sentimento poético não é encastelar versos uns em cima dos outros ou escrever frases labirínticas que ninguém entende, e, com isso tudo, encher as prateleiras das livrarias. O sentimento poético aproxima-se muito do místico sem lá chegar, felizmente. É um sentimento quase indefinível, é um estado de hipersensibilidade, um desejo de ser-se de outra maneira, uma necessidade de sair do não autêntico, um quase sentir a verdade total e o amor universal.

Passando à pintura, podemos dizer que a montante da obra está o artista. Este deita mão de todos os elementos que tem para criar a obra. Desde as suas capacidades inatas, os seus conhecimentos adquiridos, as suas habilidades e experiências, a sua “Arte”, a sua filosofia, a sua visão do mundo e das coisas, até aos elementos físicos como as tintas e os pincéis. Mas o elemento principal, o que está acima de todos os outros é o sentimento poético. Não é um elemento que o artista possa chapar na obra como faz com uma pincelada. Ele tem de existir dentro do artista, ele está na essência e na vivência do artista, e como faz parte da sua alma nasce espontaneamente na obra de forma consciente, subconsciente ou mesmo inconsciente. Sem sentimento poético dificilmente uma obra será uma obra de arte, e muito provavelmente não passará de um entretenimento superficial dos sentidos.

A jusante do artista está a obra, como um todo indivisível e indissociável. E para que a obra adquira grandeza, todos os processos formais devem ser ofuscados pelo seu próprio efeito. Por isso, desnudar esses processos formais, tentar dissecar, escalpelizar, descodificar, fatiar uma obra pode ser muito nefasto, pode ser um fenómeno redutor que empobrece a obra, pode massificar e estereotipar o pensamento, pode tapar os olhos do espectador e pode anular toda a hermenêutica, isto é, a capacidade de gerar forças interpretativas. Que se faça em termos académicos e investigacionais, vá que não vá. Em termos de fruição da obra é profundamente negativo. O próprio título pode ser a primeira fatia. Quase como num bolo de aniversário. Quando entra a faca lá vai o encanto contido na expressão inicial dos convivas: “Que lindo bolo!”.

A este respeito, um amigo meu dizia-me ontem, uma obra de arte é como um filme sem legendas. Num filme sem legendas, se o espectador não conhece a língua, imagina histórias muito diferentes daquela que o filme pretende contar. Claro que, embora nem sempre, a intenção e a finalidade de um filme é mesmo contar aquela história e não outra. Na obra de arte pode não haver histórias, e se as há, elas deverão ser tantas quantos os olhos que a contemplam.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 14:00

Quarta-feira, 20.08.14

Salvem-nos! - Apelo de Vian Dakhil, representante da minoria yazidi no Parlamento Iraquiano

 

Vian Dakhil  SALVEM-NOS!

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 11:00

Quarta-feira, 20.08.14

O drama pungente dos Yazidis - Carlos Esperança

 

 

Carlos Esperança  O drama pungente dos Yazidis

 

 

   No norte do que foi o Iraque, que os cruzados de Bush, Blair, Aznar e Barroso deixaram à mercê das lutas tribais e de ódios religiosos, num país com balcanização adiada, há um povo que pratica uma exótica religião curda, de vetustas raízes indo-europeias e que crê na metempsicose.

São pobres e, ao contrário dos prosélitos, não procuram converter ninguém, passando as almas entre si por herança geracional, numa síntese de crenças com resquícios de islão, cristianismo, zoroastrismo, judaísmo e maniqueísmo, uma sopa de culturas que parece fundir as mais diversas crenças numa fé restrita para uso doméstico.

Podem encontrar-se comunidades na Arménia, Turquia ou Síria mas estão a desaparecer na emigração ou agarradas aos rebanhos no Monte Sinjar, onde os trogloditas do Estado Islâmico desejam assassiná-los, porque a pequena seita ligada ao iazdanismo, resistiu ao Islão durante séculos ou, tão só, porque o gosto do sangue é o cimento da restauração de um anacrónico califado de crentes sectários e tementes ao profeta misericordioso.

Enternecem-nos os olhos brilhantes das crianças de olhar vago, os milhares de yazidis em busca de água, o apego de muitos às cabeças de gado, a recusarem a fuga que uma aliança improvável de iraquianos, curdos, americanos e iranianos lhes oferecem através de um corredor adrede preparado.

Os yazidis não odeiam americanos nem judeus, não tomam partido pela Ucrânia ou pela Rússia e talvez desconheçam mesmo o drama da Palestina e as guerras pelo domínio do petróleo. O pequeno povo cuja pátria é a comunidade e a sua identidade um arcaísmo só por milagre pode salvar-se da barbárie que lavra na latitude onde há séculos sobrevivem e não lhes permitem continuar.

Ai de nós, que nos achamos civilizados, se deixarmos que trucidem um pequeno povo, porque com ele também expiramos na diversidade e humanidade que reclamamos.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 08:00



Pesquisar

Pesquisar no Blog  

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Anónimo

    Porto é melhor que Benfica, isto é uma prova clara

  • SOL da Esteva

    Magnífica verdade,"[...] que viver dos outros impl...

  • Inês

    Obrigada! Texto maravilhoso a ler e reler! Desde p...

  • lucindaduarte

    Muito interessante este texto do Raul Brandão. Que...

  • Augusta Clara

    Desculpe, mas isto é demasiado grande para ser o c...


Links

Artes, Letras e Ciências

Culinária

Editoras

Filmes

Jornais e Revistas

Política e Sociedade

Revistas e suplementos literários e científicos