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Delícias são tudo o que nos faz felizes: um livro, a magia dum poema ou duma música, as cores duma paleta ... No jardim o sol não raia sempre mas pulsa a vida, premente.
Augusta Clara de Matos A Web Summit e a mercantilização da ciência
A Web Summit que está a acontecer em Lisboa é uma feira de comércio e da indústria onde ele se baseia. Não é um acontecimento científico.
Tem muito do que a ciência nos tem legado? Tem, mas, embora o conhecimento científico deva fluir em total liberdade e a ciência seja neutra, as suas aplicações, a escolha dos projectos de investigação que são financiados e até mesmo os cientistas e investigadores, muitas vezes, não o são. Como exemplo extremo, basta pensar no armamento militar.
E não vale a pena ir buscar o Galileu porque o modo de fazer ciência no seu tempo era muito diferente do de hoje, tal como a sociedade de então não tinha qualquer semelhança com a nossa. E não vale referir todas as comodidades de que dispomos hoje sem enunciar os malefícios igualmente resultantes do desenvolvimento do conhecimento que, apesar de no-las porem à disposição, não tornaram o homem melhor. Parece-me mesmo que o seu processo de desenvolvimento humano se encontra em retrocesso.
Quem não tem formação científica pode deslumbrar-se com acontecimentos deste tipo em que se põem Sophias e Einsteins a falar pela boca de bonecos. Pode legitimar o seu deslumbramento no aparecimento de grandes cientistas vivos, para completarem o ramalhete, cujas palavras só ouvem por metade. Ouçam com atenção o alerta de Stephen Hawkins a propósito da inteligência artificial. Não foi o mesmo que “robotoparlou” uma boneca – que ofensa apresentá-la como Sophia no dia do aniversário da poetisa! -, que friamente anunciou vir tirar-nos os nossos trabalhos. De uma forma gélida, não como nos tinha sido explicado no início que os compoutadores e a informatática iriam tornar mais leves as actividades laborais.
O mundo do dinheiro apropriou-se da ciência sob a forma de tecnologia que não é o mesmo do que, noutros tempos, foi a técnica. Ciência e tecnologia, nos dias de hoje, alimentam-se mutuamente como pescada de rabo na boca, num circuito a que não sei se existe algum reduto que ainda escape.
A relação entre a ciência fundamental e a tecnologia processa-se através de meandros muito complexos nas várias áreas. Não tem, por isso, cabimento num texto desta natureza.
Apesar disso, como me continua a deslumbrar o processo sem fim de irmos desvendando os mistérios da Vida, da sua contínua evolução, seja qual for o caminho que a Natureza entender tomar! Como respeito os que lutam pela saúde e bem-estar de cada pessoa, sem disso fazerem alarde.
Como admiro aqueles que estudam o que se passa para além deste nosso planeta, sem se preocuparem com os milhões ou biliões de anos que a Terra possa ter de existência.
E os que procuram entender essa maravilhosa rede alojada no nosso cérebro que nos permite tudo o que atrás ficou dito. É pena que não só para o Bem, mas também para o Mal.
Que importância para a Humanidade têm estas espaventosas realizações em comparação com o que, em maior silêncio e teimosamente, constitui a contribuição dos que continuam a acreditar que a felicidade, apesar de meta longínqua, ainda persiste no horizonte da verdadeira condição humana?
Dito isto, a Summit é a Summit, três dias onde, enquanto uns se entusiasmam a anunciar as suas criações, porque não há nada que trave esse impulso, e, mesmo no ganancioso ambiente do lucro financeiro, falam em novos postos de trabalho, outros se deliciam com o aparecimento da destruidora cara de anjo que promete anular essas vontades.
E fico por aqui porque já estava tentada a passar a outro âmbito de conversa a que, infelizmente, oportunidades não faltarão.
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Porto é melhor que Benfica, isto é uma prova clara
Magnífica verdade,"[...] que viver dos outros impl...
Obrigada! Texto maravilhoso a ler e reler! Desde p...
Muito interessante este texto do Raul Brandão. Que...
Desculpe, mas isto é demasiado grande para ser o c...