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Jardim das Delícias


Sábado, 25.03.23

Reflexão sobre Ética - Adão Cruz

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Adão Cruz  Reflexão sobre Ética

 

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   Para mim é muito difícil dizer o que é a Ética, até porque não sou, propriamente, uma pessoa sabedora nestas áreas. No entanto, a vida sempre me deu a entender que a Ética poderá ser a mais bela construção do ser humano. A Ética deve ser, penso eu, a vivência da verdade, o lugar certo do Homem dentro de si mesmo, o fio-de-prumo do Homem no interior da sua cumplicidade. A ética compreende a disposição do Homem na vida, interfere com o seu carácter, os seus costumes, a sua moral, ao fim e ao cabo com o seu modo e a sua forma de vida. O Homem faz-se por si e pelos outros, sendo que a ética é a autenticidade e a dignidade deste fazer-se. A construção da ética assenta, a meu ver, em quatro pilares fundamentais.
O primeiro pilar da verdadeira morada do Homem seria constituído pelo pensamento e pela sua inseparável companheira, a razão. A Ética será uma consequência da razão. Podemos dizer que as plataformas que permitem a elaboração de um pensamento ético são a liberdade e a responsabilidade. A capacidade do Homem de se autodeterminar e assumir a direcção da sua vida determina-o como homem livre e, por conseguinte, a caminho do sujeito ético. E um sujeito ético é, fundamentalmente, um sujeito que procura a verdade. O referente da liberdade humana é a procura da verdade, porque a verdade orienta a liberdade e encaminha-a para a sua plenitude. O pensamento é o suporte mais poderoso e a mais forte armadura do Homem, a mágica força da sua criatividade. Sem pensamento e sem razão a mente humana não passa de um céu brumoso, sem ponta de sol. Por isso o pensamento e a razão têm tantos inimigos!
O segundo princípio ou pilar fundamental decorre do primeiro e chama-se cultura. Não sei verdadeiramente o que é a cultura. E cada vez sei menos, neste pequeno país e neste pequeno planeta feito de inúmeros serventuários medíocres, de arrogante postura, incriativos plagiadores de todos os lugares-comuns inseridos nas políticas de retrocesso. Sei, no entanto, que não é a cultura-espectáculo, a cultura enlatada dos cabotinos, a pseudocultura massificada que só gera vícios consumistas, impedindo o homem de pensar, reflectir e encontrar, mas a cultura do dia-a-dia, a cultura estruturante da pessoa, a cultura do percurso, a cultura dialógica que está na base da racionalidade crítica, orientada para a procura do significado da realidade humana.
O terceiro princípio seria o respeito pelos outros. Todavia, o respeito pelos outros nunca existirá se não houver respeito por nós próprios. O respeito pelos outros é o espelho do respeito por nós próprios.
O quarto pilar desta edificação ética do Homem seria a justiça e a solidariedade. O primeiro passo da solidariedade estaria no entender da justiça social e no seu consciente reconhecimento como prioridade das prioridades. O segundo passo seria a consciência de que viver dos outros implica sempre viver com os outros e para os outros. Precisamente o contrário daqueles que aceitam o individualismo e o hedonismo como fatal decorrência da onda desumanizante. Penso que o Homem é um ser para o encontro, encontro consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com o transcendente, ao qual deverá dedicar a sua razão e a sua consciência, dentro da vital necessidade da procura da verdade.
 

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por Augusta Clara às 19:57

Terça-feira, 15.03.16

A cerveja no topo do dolo - Marcos Cruz

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Marcos Cruz  A cerveja no topo do dolo

 

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   Antes, a análise política nos media era bem mais profunda, a fasquia do argumentário estava alta e o leitor/espectador, regra geral, sentia a necessidade de se informar, de trabalhar o seu eu político para acompanhar a discussão das matérias. Depois, já com o fim do milénio à vista, alguns órgãos de comunicação social, e não só tabloides, também jornais de referência, entenderam que se Maomé não ia à montanha era preciso levar a montanha a Maomé, pelo que, postas as coisas em palavras francas, baixaram consideravelmente o nível. Veio a política pop, aquela que se faz parecer democrática, na medida em que todos se sentem capazes de a discutir, mas afasta, talvez como nenhuma outra, as pessoas dos assuntos que afectam mais as suas vidas. A “gaffe” passou a ter honras de manchete, qual sardinha que um dia acorda e é marisco, o fait-divers suplantou a premência noticiosa do grande facto, a escolha da gravata do político tornou-se mais importante que o seu ideário. Um dos ícones do novo paradigma era então meu chefe: Carlos Magno. Independentemente de estarem sanados os conflitos que tivemos e de hoje nos cumprimentarmos com amabilidade, manda a verdade que o descreva como um surfista da análise política, alguém que contribuiu conscientemente para um strip que reduziu a esfera política não à sua essência mas, bem pelo contrário, ao seu artifício. Ele e outros cavalgaram essa onda e, no seio de uma opinião pública lisonjeada com a promessa de maior participação (ou “interactividade”, era a palavra), ajudaram a legitimar uma nova concepção de política, destituída dos pressupostos de nobreza e representatividade que a distinguiam. A partir dali, tendia a ser tacitamente aceite que os políticos se representassem a si mesmos e aos seus interesses, como acontece com os clubes de futebol, que há muito já se livraram da responsabilidade de promover o desporto. Para a análise, em consequência ou conformidade, sobravam os aspectos tácticos e, menos, estratégicos (os dias passaram a ser mais curtos), desvalorizados que haviam sido os da substância política – no que ela contém de ética, cultura, ideologia, etc. – quer do discurso quer da acção. A aferição da qualidade de um político deixou de se prender tanto com os seus valores (não materiais, entenda-se) e tornou-se mais vinculada ao conhecimento que ele revela do xadrez em que se move e à habilidade com que dentro dele verga os adversários e rechaça os seus ataques. Muitas vezes, observando esta autodesresponsabilização do jornalismo, a cada dia mais enredado na política dos interesses, promovendo orgulhosamente o trânsito de dois sentidos entre o seu espaço e o dos políticos (com claro prejuízo da política), falei na necessidade de dar às pessoas instrumentos – fossem eles notícias, reportagens ou os então glorificados conteúdos – para compreender, discutir e co-criar a realidade, em vez de as anestesiar com programas que as tornavam menos e menos exigentes, atentas, profundas, responsáveis e interventivas. Em resposta, era-me sistematicamente despejado aquele chavão: "Deve dar-se às pessoas o que elas querem".

Hoje, ao ver Marcelo na presidência da República, é inevitável lembrar-me desse tempo.

 

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por Augusta Clara às 15:00

Sábado, 16.11.13

Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos

 

 

Reportagem da TVI de 11-11-2013 intitulada “Desviados – a promiscuidade entre o público e o privado no SNS”

 

 

   A reportagem divulgada pela estação de televisão TVI, sobre o alegado desvio de doentes do sector público para o sector privado de saúde, merece as seguintes considerações da parte do Conselho Regional do Norte (CRN) da Ordem dos Médicos:

 

1. Lamentamos profundamente a gravidade de alguns dados apresentados e a forma pouco edificante como diversos profissionais médicos terão actuado no desempenho das suas funções públicas, em flagrante conflito com os princípios éticos e deontológicos que devem reger a nossa profissão. Por esta razão, e sem prejuízo da intervenção de outras instituições como a IGAS e o Ministério Público, defendemos a abertura de procedimentos disciplinares a todos os médicos potencialmente envolvidos, para um cabal apuramento da veracidade dos factos e respectivas responsabilidades. Consideramos ainda que devem ser aplicadas de forma rigorosa as sanções disciplinares previstas pela violação da Ética e do Código Deontológico da Ordem dos Médicos, caso seja comprovado comportamento doloso por parte dos profissionais envolvidos. Neste sentido, o conteúdo da reportagem divulgada pela TVI foi remetido em 13-11-2013 para o Conselho Disciplinar do Norte da Ordem dos Médicos.

 

2. Não ignorando este enquadramento disciplinar, o CRN considera que na reportagem em causa e num lamentável exercício de “tomar a árvore pela floresta”, o trabalho jornalístico acaba por sugerir que o tipo de comportamentos episódicos nele denunciados são uma prática corrente dos médicos. Esta inferência constitui uma enorme falsidade e afecta a reputação e o bom nome de uma classe profissional que, na sua esmagadora maioria, defende o interesse das populações com invulgar dedicação e nobreza.

 

3. O CRN reitera a sua confiança nos milhares de profissionais médicos que, diariamente e fruto da sua inquestionável competência, dignificam a Medicina e respeitam os Doentes.

 

 

Porto, 13 de Novembro de 2013

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos

 

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por Augusta Clara às 10:00



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