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Delícias são tudo o que nos faz felizes: um livro, a magia dum poema ou duma música, as cores duma paleta ... No jardim o sol não raia sempre mas pulsa a vida, premente.
Adão Cruz Reflexão sobre as palavras
Adão Cruz Reflexão sobre Ética
Adão Cruz A ponte
(Adão Cruz)
Adão Cruz REFLEXÂO (complexo caminho da simplicidade da Evidência)
(Adão Cruz)
Adão Cruz Reflexão
(Adão Cruz)
Adão Cruz Mundo
(Adão Cruz)
Neste mundo, em que os verdadeiros bárbaros são impostos aos olhos mais ou menos cegos, como agentes da paz, da justiça e do bem-estar, neste mundo em que a humanidade não come ou se enfarta de caviar, eu tento aquecer o pensamento com o abraço do nascer do sol, mas a pobreza foi reduzida a um buraco sem janelas e dói-me viver assim, sem a luz de um horizonte.
Adão Cruz A pobreza
(Adão Cruz)
A pobreza transformou-se em bandeira eleitoral de muitos daqueles que por ela são responsáveis. Descarada hipocrisia. Em nome da competitividade e da convergência cometeram-se e cometem-se as maiores barbaridades. A competitividade e a convergência, a globalização, a modernidade, a flexibilização, o liberalismo e a privatização, são palavras inquestionáveis das estratégias de dominação por parte daqueles que sabem quem tudo ganha à custa de quem tudo perde. Tais fórmulas transformaram-se numa ideologia sem sentido que leva à destruição sistemática do Homem, através do desemprego, do baixo salário, da pobreza, da toxicodependência, do crescimento dos sem-abrigo, do desespero, da delinquência, da apatia e iliteracia da juventude. O assalto às economias pelas mãos de luva branca, hoje quase institucionalizado entre muitos políticos e muitos manipuladores do dinheiro, que mais não são do que homens sem qualquer honra, vergonha ou dignidade, levou à perversão dos conceitos, à aniquilação da resistência e da vontade dos homens dignos, à inoperância e colaboracionismo da Justiça. Todos estes fenómenos se acentuaram quando se desenvolveram políticas doentias de saque e destruição, destinadas a reforçar o poder do capital de forma profundamente criminosa, através de absurdos superlucros e mais-valias, e do escandaloso roubo e desvio do nosso dinheiro para obscenas e obscuras transacções, salários e reformas de ninhadas de parasitas, à custa do esmagamento da qualidade de vida da maior parte do povo. Circulam no mundo triliões de dólares avidamente à procura do sítio onde se lucra mais, nem que esse sítio seja o imenso cemitério para onde resvalam milhões de vítimas. Não basta os políticos tidos por sérios dizerem que a solidariedade é um factor fundamental e o princípio mais importante do nosso século. Não basta dizerem que continua a haver países mais ricos e outros mais pobres e, dentro dos mais ricos, cada vez maior abismo entre ricos e pobres. Não basta lamentarem a pobreza e dizerem que a pobreza e a exclusão geram guerras intermináveis. Tudo isto é sabido e não é cantarolando a Paz e a Cooperação, de mão dada com os corruptos, os ladrões e os senhores da guerra que se ganha o título de vencedor. Muitos destes políticos pregadores da paz e da liberdade foram e são co-responsáveis pelo engrossamento do exército de famintos, refugiados, oprimidos e condenados da terra. Co-responsáveis no abrir de portas e no estender de tapetes às chancelarias do crime organizado. Por mais que preguem, por mais debates e conferências que façam, não anulam o descrédito em que caíram ao pretenderem convencer-nos de que as expectativas de paz, liberdade e justiça são possíveis com o aperto de mão dos verdadeiros terroristas do mundo ou com as orações a Deus, as quais, pelos vistos, só são ouvidas quando saem da boca dos afortunados e não quando tomam a forma de gemidos. Nós andamos distraídos com os fumos de incenso que os responsáveis vão espargindo pelos quatro canais da estupidez institucionalizada. E tudo isto porque muitos dos importantes grupos económicos, células de um cancro universal, tomaram conta do poder político, transformaram os governantes em lacaios e limparam os pés à soberania. Arrepanharam toda a informação global, e com ela o poder de mudar e moldar os comportamentos e as mentalidades até à anulação da verdade, da razão e do pensamento. De forma humilhante e perversa criaram uma maquiavélica desinformação, com a qual inundaram de publicidade enganosa e de ignominiosas mentiras as cabeças de um povo cada vez mais roubado, massificado, ridicularizado e estupidificado.
Adão Cruz Poesia
Eva Cruz O Quadro
(Adão Cruz)
Terminado o almoço na sala requintadamente sóbria, ficaria na memória a vitela de Lafões e as batatinhas lustrosas de cor aloirada que o forno de lenha pintou. Um café na pastelaria dos “vouguinhas”, o seu orgulho de fabrico diário, despertou a caminhada pelas margens verdes do rio, onde cada pássaro exibia o seu gorjeio, e cada pato mostrava a sua perícia, cortando em leque as águas profundas. Outros espreguiçavam-se nas margens, enchendo a relva de várias cores. No meio do rio, perfurando o ar, um grande jacto de água brincava com o sol formando um arco-íris. O mesmo arco-íris que coroava a serra em tantos Maios da nossa infância.
Mais adiante uma placa indicando o Condado de Beirós. A seta assinalava o caminho já varrido da memória, e a cor parecia indicar o interesse de uma visita.
- Lembras-te da exposição de pintura no Condado de Beirós, há mais ou menos vinte anos, a minha maior exposição individual, com várias salas, corredores e claustros cheios?
- Claro que sim, então não havia de recordar! Com tanta gente que ali acorreu, vinda de todos os lados. Um rol de nomes, amigos e conhecidos, alguns que ainda lembro com saudade e a voz enternecida, muitos deles já saídos deste mundo e da lembrança!
Algo emergiu das entranhas do passado que nos obrigou a pegar no carro e seguir o caminho de outrora à procura do Condado. E foi em busca de alguns eventuais restos que subimos o monte, entramos no portão da quinta e encontrámos, com surpresa, o velho solar quase intacto, o branco da cal um tanto desbotado, a pedra escurecida, a natureza em volta bem tratada, e uma bela piscina, no meio de um campo relvado. Em volta da casa muitos carros velhos, enferrujados, incluindo um Maserati a desfazer-se. Lembrámo-nos, então, que em tempos o dono tinha uma paixão especial por carros antigos.
A porta do solar estava aberta. Bati e voltei a bater com toda a força, chamei e voltei a chamar por alguém, e como não obtive qualquer resposta ou perturbação daquele silêncio, entrei. Tudo impecavelmente arranjado e decorado, nas paredes muitos quadros, retratos antigos, bonitos móveis, tudo bem tratado e asseado. Não havia dúvidas de que estava habitado e aberto ao público…que não existia, mas que o desconfinamento haveria, muito provavelmente, de voltar a trazer. Subi o primeiro lance de escadas tapetado com passadeira vermelha, depois outro igual virando à direita. No topo da escadaria de pedra boleada, em lugar de honra, um quadro com moldura dourada prendeu a minha atenção. Só poderia ser, não tinha dúvidas. Chamei o meu irmão que de imediato confirmou que aquela pintura era sua. Lá estava o seu nome e a data 2002.
Eva Cruz O velho eléctrico
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Porto é melhor que Benfica, isto é uma prova clara
Magnífica verdade,"[...] que viver dos outros impl...
Obrigada! Texto maravilhoso a ler e reler! Desde p...
Muito interessante este texto do Raul Brandão. Que...
Desculpe, mas isto é demasiado grande para ser o c...