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Jardim das Delícias



Segunda-feira, 30.09.13

Na ponte com nevoeiro ...

 

... à espera de D. Sebastião

 

 

 
 
Amélia Muge canta Fernando Pessoa
 

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por Augusta Clara às 18:00

Segunda-feira, 30.09.13

CONVICÇÕES - V, por Adão Cruz

 

 

A descodificação de uma obra de arte, ainda que parcial, pode ser um fenómeno redutor que empobrece a obra.

Pode mesmo limitar ou até anular a sua própria hermenêutica, isto é, a força indutora das capacidades interpretativas.

 

 

 

(Adão Cruz)

 

 

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por Augusta Clara às 15:00

Domingo, 29.09.13

FILME - Henry e June, de Philip Kaufman (legendado em português do Brasil)

 

Henry e June

(um filme sobre a ligação entre os escritores Henry Miller e Anaïs Nin)

- com Maria de Medeiros no papel de Anaïas Nin -

 

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por Augusta Clara às 14:00

Sábado, 28.09.13

Sonho meu - Gal Costa e Maria Bethânia

 

Gal Costa e Maria Bethânia  Sonho meu

 

 

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por Augusta Clara às 21:00

Sábado, 28.09.13

Clarice Lispector (sempre) no seu melhor

 
Clarice Lispector
 

 

(...) uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi o apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.
 

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por Augusta Clara às 18:00

Sábado, 28.09.13

Reportagem fotográfica do espectáculo sobre a obra de Adão Cruz

 

Ontem no Porto

(escola profissional "Árvore")

 

Perspectivas -Performances a partir da obra, pinturas e poemas de Adão Cruz

 

 

 

direcção Carlos Silva interpretação Ana Luísa Oliveira, Ana Rita Moreira, Bárbara Gomes, Bruno Maruqes, Diana Machado, Diogo Borges, Diogo Santos,

Diogo Almeida, Elisabete Campos, Flávia Nogueira, Inês Barros, Mariana

Barbosa, Miguel Nogueira, Patrícia Barreto, Paula Oliveira,

Raquel Magalhães, Sara Marques, Sarah Jane, Tânia Pinto, Sara Lopes, Xavier Belinha [ alunos do 3º ano do curso de dança do balleteatro escola profissional ]

 

Como o próprio Adão Cruz relatou:

 

A minha amiga Augusta Clara teve as gentileza de criar este post, no sentido de avisar que, devido ao mau tempo, a apresentação do espectáculo não se faria no Passeio das Virtudes, mas na Avenida dos Aliados. De facto, o espectáculo foi concebido para ser apresentado ao ar livre, mas teve de se confinar a uma sala, o que, segundo o coreógrafo Carlos Silva lhe retirou algum impacto. Mas foi bonito! Envio algumas imagens.

 

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por Augusta Clara às 14:00

Sábado, 28.09.13

O Efeito sépia - Fernando Venâncio

 

Fernando Venâncio  O Efeito sépia

 

Palavras em desuso, mofo, prazos de validade e um jogo com risco

 

 

 

   No seu blogue, o escritor J. Rentes de Carvalho lembrava, há tempos, um Guia de Lisboa, que ele mesmo elaborara. Um livro, afirmava, «como se dizia anti­gamente, "profusamente ilustrado"». Pois nem mais. Esse «profusamente» caiu, de facto, em desuso. Hoje cheira um tan­to a mofo, ou a tempos em que o Mundo ainda batia certo.

A história do idioma mostra essa cons­ciência de desgaste lexical, e tem particu­lar graça ver autores quinhentistas, eles mesmos hoje datados, a citar vocábulos «que se diziam antigamente». Mais graça ainda têm os doutrinários setecentistas que declararam «desusadas» várias pala­vras que continuam de perfeita saúde.

Um léxico arcaizante, se usado com medida e critério, pode conferir à escrita algum charme. Certo anacronismo funciona   bem, sobretudo quando misturado a elementos último grito. Mas há um ris­co:   o de este calculado jogo escapar aos vindouros,   se é que os contemporâneos dão ainda pela marosca.

Palavras como «mormente», «deveras» ou «ademais» mostram, nos últimos cem anos, um cenário modesto, mas estável. Outras, como «algures» e «entrementes», gozam até de alguma revivescência. Em claro refluxo entraram já «nenhures» («o processador a olhar para nenhures», lia-se no Expresso há uns bons anos) e «destarte» (com alguma circulação no Brasil). As esperanças são quase nulas para «alhures», «dessarte» e «outrossim».

Mas há advérbios de limitado uso que vivem melhor, e até com boas perspetivas. Vale isto para «porventura» (em Cardoso Pires, «altura pouco propícia para conver­sações demoradas e porventura contro­versas»). Vale também para esse expressi­vo «acaso» (em Vergílio Ferreira, «Sabia acaso o homem o milagre que destruía?»; em Manuel Alegre, «Acaso poderia ter escolhido outro caminho?»).

Uma coisa é certa: algumas palavras hoje correntes vão prestar-se, mais cedo do que imaginamos, a subtis, ou humorados, efeitos sépia, que as salvarão de desapare­cerem logo de vista. A outras, ninguém irá lançar-lhes a mão a tempo. Só nunca saberemos quais. Fernando Venâncio

 

(in LER, Livros & Leituras, Nº. 113, Maio 2012)

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por Augusta Clara às 12:00

Sexta-feira, 27.09.13

"Perspectivas" com base na obra de Adão Cruz, apresentado na "Árvore"

Hoje no Porto

 

 

 

ATENÇÃO: Em razão do mau tempo, o espectáculo realiza-se na Avenida dos Aliados, Edifício AXA, 5º piso, hoje à mesma hora

 

Perspectivas - Performances a partir da obra, pinturas e poemas de Adão Cruz

 

 

   A escola artística "Arvore", no contexto das comemorações do seu aniversário, apresenta "Perspectivas" realizado com base na obra de Adão Cruz

 

LOCAL PASSEIO DAS VIRTUDES | 27 SET | 18H30

 

direcção Carlos Silva interpretação Ana Luísa Oliveira, Ana Rita Moreira, Bárbara Gomes, Bruno Maruqes, Diana Machado, Diogo Borges, Diogo Santos, Diogo Almeida,

Elisabete Campos, Flávia Nogueira, Inês Barros, Mariana Barbosa, Miguel Nogueira, Patrícia Barreto, Paula Oliveira, Raquel Magalhães, Sara Marques, Sarah Jane, Tânia Pinto, Sara Lopes, Xavier Belinha [ alunos do 3º ano do curso de dança do balleteatro escola profissional ]

duração 25' aprox

 

 

 

 

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por Augusta Clara às 16:00

Quinta-feira, 26.09.13

September in the Rain - Frank Sinatra

 

Frank Sinatra  September in the Rain

 

 

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por Augusta Clara às 21:00

Quinta-feira, 26.09.13

Encantamentos - José Eduardo Agualusa

 

José Eduardo Agualusa  Encantamentos

 

 

(Adão Cruz)

 

 

   No primeiro dia de setembro de 2010 entrei na Livraria da Travessa, no Leblon, no momento em que o poeta Ferreira Gullar apresentava Em alguma parte alguma. As cadeiras estavam todas ocupadas. Havia dezenas de jovens sen­tados no chão. No momento em que me sentei, uma moça ergueu a mão:

- Para que serve a poesia?

Esta é uma daquelas questões que, cedo ou tarde, todos os poetas enfren­tam. A resposta mais frequente, mais falha de imaginação e de verdade, asse­gura que a poesia não serve para nada. Alguns poetas, em especial os portugue­ses, acrescentam a seguir que também a vida não serve para nada, etc.

Felizmente, Ferreira Gullar tinha uma boa resposta. Muitos anos antes, exilado no Chile, durante o Governo de Salva­dor Allende, costumava almoçar, aos sá­bados, com um grupo de outros expa­triados sul-americanos. Ao seu lado, sentava-se habitualmente um economis­ta argentino, namorado de uma bela mo­rena brasileira. O economista não tinha outro assunto que não fosse o da sua es­pecialidade. Até que um dia a morena o abandonou. No sábado seguinte o eco­nomista chegou triste e desmazelado. Sentou-se, e só falou de poesia. «Quan­do a morena vai embora», concluiu, triunfante, Ferreira Gullar, «a economia não serve para nada. Nenhuma ciência nos ajuda. Só a poesia nos pode salvar».

Na origem, a poesia era uma discipli­na da magia. Servia para encantar. Con­tinua a ser assim, embora, no sentido literal, poucas pessoas ainda exercitem essa antiquíssima arte. Uma tarde, em Benguela, conheci uma das derradeiras praticantes. Almoçava com amigos, e amigos de amigos, num desses quintalões antigos, carregados de frutos, e de boa sombra, da cidade das acácias rubras. A determinada altura escutei um sujei­to referir-se a uma tal Dona Aurora:

-   A velha receita poesias.

-   Recita - corrigi.

O homem, um oficial do exército, encarou-me, irritado:

- Não senhor! Receita! Dona Auro­ra receita poesias. Resolve problemas de amor, amarrações, mau-olhado, tudo com versinhos.

Fiquei interessado. Anotei o endereço da curandeira num guardanapo e na ma­nhã seguinte bati-lhe à porta. Dona Au­rora morava na Restinga, num casarão, em madeira, muito maltratado. A velha senhora, miúda, muito magra, vestia de cor de rosa. Toda a sua força parecia resi­dir na cabeleira, a qual mantinha uma vi­gorosa rebeldia juvenil. Convidou-me a entrar. Móveis dos anos 50, muito gastos. Estantes carregadas de livros velhos. Aproximei-me. Poesia, e mais poesia: Florbela, Camões, Vinicus, José Régio, Sophia, Drummond, Manuel Bandeira, tudo misturado, num bem-aventurado desrespeito a fronteiras políticas, estéticas e ideológicas. «O meu marido sempre gostou de poesia», justificou-se: «Eu, me­nos. Foi só depois dele morrer, há 30 anos, que descobri o poder dos versos.»

Acontecera um pouco por acaso - contou. Uma tarde deu-se conta de que certos sonetos parnasianos (os mais tra­balhosos) a ajudavam a vencer a insónia. Mais tarde, que João Cabral de Melo Neto, a partir de «O cão sem plumas», era muito eficaz no combate à cefaleia. Pou­co a pouco foi desenvolvendo um méto­do. Combatia a prisão de ventre lendo alto a Sagrada Esperança. Mantinha o quintal livre de ervas daninhas, percor­rendo-o, ao crepúsculo, enquanto sopra­va devagar «O guardador de rebanhos».

Numa cidade pequena não tardou que tais excentricidades lhe trouxessem, pri­meiro inimigos, e depois devotos segui­dores e pacientes. Hoje, ela recebe a todos, ricos e pobres, na sala onde me recebeu a mim. Ouve as suas queixas, levanta-se, percorre as estantes, e regressa com a so­lução. «Quem me procura mais são mu­lheres querendo reconquistar o coração dos maridos. Recomendo que lhes mur­murem, enquanto dormem, algum Neruda, as vezes Camões, outras Bocage.»

Dona Aurora não aceita dinheiro pelos serviços prestados. «Não sou eu quem cura», explicou-me, «é a poesia».

 

(in LER, Livros & Leitores, Nº. 113, Maio 2012)


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