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Delícias são tudo o que nos faz felizes: um livro, a magia dum poema ou duma música, as cores duma paleta ... No jardim o sol não raia sempre mas pulsa a vida, premente.
Giuseppe Verdi Aida - Marcha triunfal
- Lund International Choral Festival, 2010 -
( coro e orquestra conduzidos por Roger Andersson)
Manuel António Pina Esplanada
(Paulo Ossião)
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
(in Todas As Palavras, Assírio & Alvim)
Augusta Clara A ilha que todos somos
Não sei fazer crítica literária nem quero saber. Fico até indiferente quando leio que um livro é o melhor do século tal ou de determinado ano. Sorrio sempre que acontece haver mais do que um assim classificado em simultâneo. Regra geral não se trata de ex-aequo, trata-se de interesse comercial. Mas “A Ilha de Arturo”, de Elsa Morante, é, de certeza, um dos mais poderosos romances que já li caracterizando o tumulto das emoções humanas. Neste caso, particularmente, sobre a evolução da passagem entre a infância e a adolescência de um rapazinho de vida selvagem.
A crisálida a sair do casulo, a dor de romper os fios tão bem tecidos que nos protegem nas primeiras fases da vida, a curiosidade de afastar a cortina de espuma que nos defendia os sonhos e a imaginação. O que essa travessia tem de complexo na alma humana irrompe em algumas das mais belas páginas deste livro.
Depois, a transmutação desse mundo primeiro e maravilhoso, arrastando ainda, colados ao corpo, os restos da seda protectora da infância, no tormentoso caos do mundo adulto onde os artifícios passam a ser o casulo. Tão bem descrita é esta passagem rápida de um mundo ao outro, quase sem transição, como se não houvesse tempo para isso, como se fosse demasiado perigoso deixar vazios.
Julgo eu, que não pertenço ao mundo dos psis, ser aí que residem as dores da adolescência. E Elsa Morante traduziu-as com uma mestria sem par. Por fim, já, também, nós nos reconhecemos ali naquele menino que se transmuta em adulto, com as nossas falsidades, os nossos disfarces, o nosso medo do amor, aquilo a que a nossa traidora oralidade nos confina e tudo o mais que iludiu a dimensão de pessoa que estávamos fadados para ser.
Já ali reconhecemos a ilha em que todos nos tornamos.
Com Papa Francisco ou sem Papa Francisco a Igreja continua ser a mesma que sempre foi, um dos maiores potentados económico-financeiros do planeta, cúmplice e parte integrante dos crimes e das piores consequências do selvagem regime capitalista.
Aldora Amaral O Silêncio dos Corações
(Oscar Nyemier)
Naquele tempo um bater suave e profundo expressava a paz sentida. Não, não vivia num qualquer céu, repleto de harpas e vestes suaves cobrindo corpos ondulados e belos, de longos cabelos loiros. Não, naquele tempo os corações falavam e os espaços tinham faces conhecidas. O tempo era um aliado e companheiro. Os ritmos, outros.
Fernanda Câncio Palavra de honra
Diário de Notícias, 28 de Março de 2014
"O corte de remunerações, por imperativo legal, só pode ser transitório. Medidas deste tipo apenas podem ser justificadas em condições excepcionais e as condições excepcionais não podem ter duração indefinida." Gaspar, 17/10/2011
"[É preciso evitar] medidas intoleráveis como o despedimento indiscriminado de funcionários públicos. O Estado tem compromissos a que não deve renunciar, nem numa situação de emergência. É a pensar na prioridade do emprego que o OE 2012 prevê a eliminação dos subsídios de férias e de Natal [para funcionários públicos e pensionistas]. Esta medida é evidentemente temporária e vigorará apenas na vigência do programa de assistência económica e financeira." Passos, 3/10/2011
"Não me parece que estejamos num ciclo perverso. A austeridade é necessária para evitar precisamente uma austeridade mais descontrolada e selvagem" Gaspar, 28/2/2012
"A suspensão [dos subsídios de Natal e de férias de pensionistas e funcionários públicos] vigorará até ao final da vigência do programa de ajustamento, como é claramente dito no relatório do OE 2012. Esta é a posição que o Governo tem, é a posição que o Governo sempre teve." Gaspar, 4/4/2012
"A partir de 2015 iniciaremos a reposição gradual dos subsídios de férias e de Natal bem como os cortes nos salários da função pública efectivados em 2011. O Documento de Estratégia Orçamental hoje aprovado não prevê mais medidas de austeridade e novos impostos. Este documento fixa o nível de despesa do Estado até 2016." Passos, 30/4/2012
"O programa de rescisões na função pública deve ser encarado como uma oportunidade e não uma ameaça. Apenas sairão os que o desejarem." Passos 18/3/2013
"Nos 12 primeiros meses no sistema de requalificação o trabalhador terá direito a 60% da remuneração a que tinha direito antes. A partir dos 12 meses, a compensação será 40%. Tem sempre possibilidade de acesso a rescisão por mútuo acordo." Rosalino, 12/9/2013
"Cortes de salários na função pública vão estender-se para além de 2014, são transitórios mas não anuais." M. Luís Albuquerque, 15/10/2013
"Os cortes salariais assumidos para a função pública este ano são temporários. Mas não podemos regressar ao nível salarial de 2011 nem ao nível das pensões de 2011." Passos, 5/3/2014
"Corte permanente nas pensões é alarmismo injustificado. Não é intenção do Governo haver qualquer tipo de reduções adicionais relativamente aos rendimentos dos pensionistas." Marques Guedes, 27/3/2014
"Não faz sentido fazer especulação sobre um eventual corte permanente nas pensões. O debate em Portugal devia ser mais sereno e informado e os membros do Governo deveriam contribuir para isso." Passos, 27/3/2014
Adão Cruz A tua mão
(Adão Cruz)
Como simples aves damos as asas a caminho do sol para
fugir às lágrimas que a terra espreme
A luz incendeia a vontade de fugir mas a mão serena abre
o coração à esperança onde a angústia cresce por entre
músicas perdidas e restos de flores
Eu continuo o caminho dos lábios que deixaram de suspirar
e dos olhos que pararam de girar confundidos entre
lágrimas e risos
Eu sigo o longo caminho das sombras onde as plantas não
falam nem as fontes nem os pássaros
Mas a mão apertada mesmo que incrédula murmura
baixinho que os prados se estendem a nossos pés
As brandas ondas do mar deslizam suavemente sobre a
areia cobrindo de espuma o teu corpo sonâmbulo que à noite
desperta por entre o labirinto dos meus sonhos
E pelos claustros do vento impaciente os cabelos de fogo
vencem a idade em que o coração treme sem casa para
morar
(in Adão Cruz, VAI O RIO NO ESTUÁRIO. Poemas de braços abertos, ediçõesengenho)
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Porto é melhor que Benfica, isto é uma prova clara
Magnífica verdade,"[...] que viver dos outros impl...
Obrigada! Texto maravilhoso a ler e reler! Desde p...
Muito interessante este texto do Raul Brandão. Que...
Desculpe, mas isto é demasiado grande para ser o c...