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Jardim das Delícias



Quarta-feira, 30.04.14

Crónica da pomba branca - António Lobo Antunes

 

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por Augusta Clara às 08:00

Terça-feira, 29.04.14

Quand revriendras-tu? - Brad Mehldau e Anne Sofie Von Otter

 

Brad Mehldau e Anne Sofie Von Otter  Quand revriendras-tu?

 

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por Augusta Clara às 21:00

Terça-feira, 29.04.14

Vasco Graça Moura em minha casa (em Madrid) deixou escrito no livro de visitas um soneto - João de Melo

 

João de Melo  Vasco Graça Moura em minha casa (em Madrid) deixou escrito no livro de visitas um soneto

 

 

   Havendo conselheiros  culturais
   a gente às vezes deles não espera
   que venham celebrar a primavera
   juntando à primavera muito mais

  Aqui vou falar de um. Mas quem me dera
  poder dizer na rima muito mais:...
  a esta hora estou na oitava esfera -
  em refastelações pós-quantiais.

  Numa palavra, comi bem, bebi
  ainda melhor e penso que em Madrid
  a poesia ganha muita pinta

  e mesmo quando é feita a martelo
  dá graças gratas ao João de Melo
  e à hospitalidade da Jacinta!

(Madrid, 21.03.2003)

 

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por Augusta Clara às 19:00

Terça-feira, 29.04.14

O Largo - Manuel da Fonseca

 

Manuel da Fonseca  O Largo

 

 

(Adão Cruz)  

 

 

   Antigamente, o Largo era o centro do mundo. Hoje, é apenas um cruzamento de estradas, com casas em volta e uma rua que sobe para a Vila. O vento dá nas faias e a ramaria farfalha num suave gemido, o pó redemoinha e cai sobre o chão deserto. Ninguém. A vida mudou-se para o outro lado da Vila.

O comboio matou o Largo. Sob o rumor do rodado de ferro morreram homens que eu supunha eternos. O senhor Palma Branco, alto, seco, rodeado de respeito. Os três irmãos Montenegro, espadaúdos e graves. Badina fraco e repontão. O Estróina, bêbado, trocando as pernas, de navalha empunho. O Má Raça, rangendo os den­tes, sempre  enraivecido contra tudo e todos. O lavra­dor de Alba Grande, plantado ao meio do Largo com a sua serena valentia. Mestre Sobral. Ui Cotovio, rufião, de caracol sobre a testa. O Acácio, o bebedola do Acácio, tirando retratos, curvado debaixo do grande pano preto. E, lá ao cimo da rua, esgalgado, um homem que eu nunca soube quem era e que aparecia subitamente à esquina, olhando cheio de espanto para o Largo.

Nesse tempo, as faias agitavam-se, viçosas. Ace­navam rudemente os braços e eram parte de todos os grandes acontecimentos. À sua sombra, os palhaços faziam habilidades e dançavam ursos selvagens. À sua sombra, batiam-se os valentes; junto do tronco de uma faia caiu morto António Valmorim, temido pelos ho­mens e amado pelas mulheres.

Era o centro da Vila. Os viajantes apeavam-se da diligência e contavam novidades. Era através do Largo que o povo comunicava com o mundo. Também, à fal­ta de notícias, era aí que se inventava alguma coisa que se parecesse com a verdade. O tempo passava, e essa qualquer coisa inventada vinha a ser a verdade. Nada a destruía: tinha vindo do Largo. Assim, o Largo era o centro do mundo.

Quem lá dominasse, dominava toda a Vila. Os mais inteligentes e sabedores desciam ao Largo e daí instruíam a Vila. Os valentes erguiam-se no meio do Largo e desafiavam a Vila, dobravam-na à sua vonta­de. Os bêbados riam-se da Vila, cambaleando, esta­vam-se nas tintas para todo o mundo, quem quisesse que se ralasse, queriam lá saber — cambaleavam e caíam de borco. Caíam ansiados de tristeza no pó branco do Largo. Era o lugar onde os homens se sentiam grandes em tudo que a vida dava, quer fosse a valentia, ou a inteligência, ou a tristeza.

Os senhores da Vila desciam ao Largo e falavam de igual para igual com os mestres alvanéis, os mestres-ferreiros. E até com os donos do comércio, com os camponeses, com os empregados da Câmara. Até, de igual para igual, com os malteses, os misteriosos e ar­rogantes vagabundos. Era aí o lugar dos homens, sem distinção de classes. Desses homens antigos que nunca se descobriam diante de ninguém e apenas tiravam o chapéu para deitar-se.

Também era lá a melhor escola das crianças. Aí aprendiam as artes ouvindo os mestres artífices, olhan­do os seus gestos graves. Ou aprendiam a ser valentes, ou bêbados, ou vagabundos. Aprendiam qualquer coisa e tudo era vida. O Largo estava cheio de vida, de valentias, de tragédias. Estava cheio de grandes rasgos de inteligência. E era certo que a criança que apren­desse tudo isto vinha a ser poeta e entristecia por não ficar sempre criança a aprender a vida — a grande e misteriosa vida do Largo.

A casa era para as mulheres.

No fundo das casas, escondidas da rua, elas pen­teavam as tranças, compridas como caudas de cavalos. Trabalhavam na sombra dos quintais, sob as parreiras. Faziam a comida e as camas — viviam apenas para os homens. E esperavam-nos, submissas.

Não podiam sair sozinhas à rua porque eram mu­lheres. Um homem da família acompanhava-as sem­pre. Iam visitar as amigas, e os homens deixavam-nas à porta e entravam numa loja que ficasse perto, à espe­ra que saíssem para as levarem para casa. Iam à missa, e os homens não passavam do adro. Eles não entravam em casas onde fossem obrigados a tirar o chapéu. Eram homens que, de qualquer modo, dominavam no Largo.

Veio o comboio e mudou a Vila. As lojas enche­ram-se de utensílios que, antes, apenas se vendiam nos ferreiros e nos carpinteiros. O comércio desenvol­veu-se, construiu-se uma fábrica. As oficinas faliram, os mestres-ferreiros desceram a operários, os alvanéis passaram a chamar-se pedreiros e também se transfor­maram em operários. Apareceu a Guarda, substituiu os pachorrentos cabos de paz, e prendeu os valentes. As mulheres cortaram os cabelos, pintaram a boca e saem sozinhas. Os senhores tiram agora os chapéus uns aos outros, fazem grandes vénias e apertam-se as mãos a toda a hora. Vão à missa com as mulheres, passam as tardes no Clube, e já não descem ao Largo. Apenas os bêbados e os malteses se demoram por lá nas tardes de domingo.

Hoje, as notícias chegam no mesmo dia, vindas de todas as partes do mundo. Ouvem-se em todas as vendas e nos numerosos cafés que abriram na Vila. As telefonias gritam tudo que acontece à superfície da terra e das águas, no ar, no fundo das minas e dos oceanos. O mun­do está em toda a parte, tornou-se pequeno e íntimo para todos. Alguma coisa que aconteça em qualquer região todos a sabem imediatamente, e pensam sobre ela e to­mam partido. Ninguém já desconhece o que vai pelo mundo. E alguma coisa está acontecendo na terra, algu­ma coisa terrível e desejada está acontecendo em toda a parte. Ninguém fica de fora, todos estão interessados.

A Vila dividiu-se. Cada café tem a sua clientela própria, segundo a condição de vida. O Largo que era de todos, e onde apenas se sabia aquilo que a alguns interessava que se soubesse, morreu. Os homens sepa­raram-se de acordo com os interesses e as necessida­des. Ouvem as telefonias, lêem os jornais e discutem. E, cada dia mais, sentem que alguma coisa está acon­tecendo.

Também as crianças se dividiram: brincam em comum apenas as da mesma condição; param às portas dos cafés que os pais ou irmãos mais velhos frequen­tam. O Largo, agora, é todo o vasto mundo. É lá que estão os homens, as mulheres e as crianças. No outro Largo, só os bêbados e os madraços dos malteses — e aqueles que não querem acreditar que tudo mudou. O certo é que ninguém já liga importância a esta gente e a este Largo.

As grandes faias ainda marginam o Largo como antigamente e, à sua sombra, João Gadunha ainda tei­ma em continuar a tradição. Mas nada é já como era. Todos o troçam e se afastam.

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por Augusta Clara às 15:00

Terça-feira, 29.04.14

A lei é: ele mata, ela morre - Ferreira Fernandes

 

Ferreira Fernandes  A lei é: ele mata, ela morre

 

 

Diário de Notícias, 21 de Abril de 2014

   Há demasiados títulos de "marido mata mulher". Não, em assassínios conjugais não podemos brincar com a piada estatística da galinha que um come e outro não, o que dá meia galinha em média para cada um... Não, em casais desavindos é indecente concluir que "come meio balázio cada um". A lei é: ele mata, ela morre. Agora é um Manuel Baltazar que mata a ex-sogra, mata a ex-tia, e só fere a ex-mulher porque a filha, que levou com tiro no peito, se interpôs. Os títulos de jornais agora dedicados a Valongo dos Azeites, Viseu, podem surpreender o mundo mas não os da terra - estava-se à espera daquilo. O enredo havia de ser o de sempre - ele atira, ela morre - talvez só com algumas variantes ocasionais (como aparecer no meio uma filha valente). Mas o essencial, a causa do morticínio há muito está definido: a vida de mulher pesa pouco. Há 40 anos, por estes dias, nas vésperas do grande dia, o juiz corregedor do Círculo Judicial de Viseu condenou Adélio da Custódia, assassino da mulher Maria Pais Pimenta, a dois anos (o agora assassino foragido Manuel Baltazar era uma rapazola, 19 anos, há de se lembrar dessa leveza). E sua excelência ditou a sentença assim: "Porque se justifica perfeitamente a reação do réu contra a mulher adúltera que abandonou o lar, o marido e dois filhos de tenra idade, para seguir um saltimbanco." Depois, veio o grande dia, mas os títulos dos jornais em 40 anos deviam avisar-nos: a vida delas ainda pesa pouco.

 

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por Augusta Clara às 11:00

Terça-feira, 29.04.14

A santidade de La Moneda - José Goulão

 

José Goulão  A santidade de La Moneda

 

 

27 de Abril de 2014

 

   A Igreja Católica está em festa com a entronização de mais dois santos. 

Sobre esta ciência que é a prova dos “milagres” cometidos por alguém e que, feito isso, ganha lugar numa peanha nas igrejas não vou pronunciar-me. A hierarquia da Igreja tem os seus sábios, seus mitos e lendas, é uma instituição com vida própria, por isso presunção e água benta cada um serve-se à vontade.

Pouco direi também sobre o velho cardeal Roncalli, dito João XXIII, a não ser que a imagem de bonomia, modernidade e preocupação com os mais desfavorecidos que projectou para o exterior do Vaticano parece caber naquilo a que é prosaico chamar-se “santidade”. Por isso, fica-me a sensação um pouco amarga de que tal imagem foi agora recuperada com oportunismo para que o outro santo do dia não trepe sozinho aos altares.

Sobre o cardeal Vojtyla, dito João Paulo II, é legítimo pronunciar-se qualquer cidadão do mundo, católico ou não católico, crente ou não crente. Porque Vojtyla interferiu como poucos na formatação do mundo temporal seu contemporâneo e que solidamente lhe sucede. 

Vojtyla correu mundo transmitindo a mensagem temporal, com disfarce espiritual, de regressão social com a qual tentou fechar caminhos abertos pelo próprio Roncalli. Vojtyla foi um dos três mosqueteiros - também são quatro sem forçar muito a nota, para que o paralelismo com a história de Dumas seja pleno - que fizeram do mundo aquilo que é hoje, um lugar nada recomendável.

Vojtyla foi um Ronald Regan que superou como actor – não era difícil – o seu amigo presidente norte-americano. Wojtyla foi uma madame Thatcher com báculo. Wojtyla foi hóspede do carniceiro Pinochet na mesma varanda de La Moneda usurpada ao presidente Salvador Allende, escolha democrática dos chilenos,  quando não secara ainda o sangue dos democratas assassinados na arena do estádio nacional de Santiago.

Com estes companheiros de caminho, Wojtyla deu o amen à instauração da selvajaria neoliberal como governo mundial do mundo. Mais tarde fez discursos e escreveu encíclicas a  condenar o dito cujo, mas o mal estava feito e a Igreja, que tanto diz servir os pobres, tem hoje umas boas dezenas ou centenas de milhões mais com que se entreter. Sobre a sua intervenção temporal e o modo como o mundo foi moldado nos anos oitenta e noventa, Wojtyla deixou uma herança específica, olhe-se com olhos de ver a sua Polónia natal e dispensam-se adendas.

Acresce, fugindo a todas as especulações, que Wojtyla herdou a cadeira papal ainda quente de João Paulo I, cuja morte inesperada aos 33 dias de pontificado, associada à pouca transparência com que o Vaticano lidou com ela, quase parece a emenda de um tremendo erro de casting do conclave cardinalício.

Na necessidade de juntar Roncalli à canonização relâmpago de Wojtyla nota-se, por tudo isto, alguma má consciência da sombria hierarquia vaticana. Provavelmente a promessa de arejamento trazida pelo argentino Francisco não chegou a tempo de corrigir a manobra. E a festa organizada a partir das cátedras de manipulação que são os púlpitos de tantas igrejas, consegue alimentar a magnificente operação de propaganda - mas não disfarça tudo.

 

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por Augusta Clara às 08:00

Segunda-feira, 28.04.14

Ministério da Saúde persiste na violação das competências médicas - Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos

 

Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos  Ministério da Saúde persiste na violação das competências médicas

 

 

   O desafio verdadeiramente demolidor que os doentes e os médicos enfrentam há cerca de três anos, desde que Portugal está sob assistência financeira, não permite encarar o futuro com grande esperança. Cada vez mais se exige uma verdadeira união entre todos na defesa daquela que é considerada a maior conquista social da nossa democracia: o acesso a um serviço de saúde público e universal.

Neste período, as alterações legislativas realizadas pelo Ministério da Saúde (MS) tiveram como único compromisso a redução drástica da despesa no sector, sem qualquer intenção de reforma e com custos dramáticos na qualidade dos cuidados prestados à população. Um exemplo paradigmático desta política é a forma como o MS tem, regularmente, avançado com a possibilidade de outros profissionais de saúde substituírem os médicos em determinadas funções. Trata-se de uma intenção reiterada do Governo, que coloca em causa o prestígio e a competência da Medicina portuguesa.

A Proposta de Lei 203/XII/GOV é o caso mais recente. Este documento, actualmente em discussão na Assembleia da República (AR), transforma na prática a profissão de esteticista/pedicure  (podologia) numa profissão de elevada diferenciação e extensão, abrangendo competências de Medicina, Cirurgia e Anestesiologia. E tudo isto com um curso teórico de apenas 3 anos! De acordo com a proposta de lei, os podologistas passariam ainda a desempenhar, com total autonomia técnica e científica (prevenção, diagnóstico e terapêutica), múltiplas funções de profissões que têm, todas elas, períodos de formação bem mais extensos e exigentes.

Os médicos especialistas, entre os quais se incluem aqueles que tratam doenças dos membros inferiores, são profissionais que cumpriram uma formação pré e pós-graduada de 11 a 13 anos e cujas competências estão ampla e consistentemente definidas do ponto de vista técnico e científico. Sem prejuízo das responsabilidades atribuídas a cada profissional, bem como do trabalho multidisciplinar, a legislação existente define o médico como coordenador das equipas de saúde.

Neste documento, os podologistas são equiparados às profissões paramédicas. No entanto, simultaneamente é-lhes conferida uma autonomia ilimitada que não existe em nenhum das restantes profissões paramédicas, tornando o alcance do diploma verdadeiramente incompreensível. Nesta matéria, a regulamentação da actividade de podologia só poderia ser feita por analogia com as restantes profissões paramédicas e jamais por analogia à profissão de médico.

A Ordem dos Médicos tem defendido, de forma persistente e continuada, a existência de legislação específica (acto médico) que defina, de forma clara, a esfera de actuação dos seus profissionais e proteja o direito dos doentes a uma Medicina qualificada. Por outro lado, temos o maior respeito pelo trabalho dos restantes profissionais de saúde e acreditamos que os melhores resultados são obtidos quando resultam de um esforço de complementaridade e coordenação multidisciplinar, num quadro de rigoroso respeito pelas competências próprias de cada profissão.

Não podemos, por isso, aceitar mais uma tentativa de diluir competências na área da saúde com intenções meramente economicistas, sem respeito por critérios técnico-científicos e que pode, a curto prazo, contribuir para uma deterioração acelerada da assistência prestada aos doentes.

O MS e os deputados da AR têm o dever de clarificar esta matéria. E, desde logo, de exercer o seu direito de intervenção no sentido de reformular a proposta de Lei 203/XII/GOV, nomeadamente eliminando o seu artigo 2º.

A Ordem dos Médicos não irá transigir neste domínio e irá defender, até às últimas consequências, o reforço da relação médico-doente e o direito dos doentes a uma Medicina de qualidade.

 

O Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos

 

Porto, 25 de Abril de 2014

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por Augusta Clara às 18:55

Segunda-feira, 28.04.14

Cante alentejano

 

Cante alentejano

 

Alentejo, Alentejo (trailer) from Faux on Vimeo.

 

 

   Alentejo, Sul de Portugal. Dezenas de grupos amadores reúnem-se regularmente para ensaiar antigos cantos polifónicos e para improvisar modas sobre o tempo presente. Isto é o «cante». Nascido nas tabernas e nos campos, entre camponeses e mineiros, o cante transmitiu-se ao longo de várias gerações. Nas últimas décadas, com a diáspora alentejana, novos grupos apareceram na periferia de Lisboa e em diversos países de emigração – provando que o cante é um traço identitário dos alentejanos onde quer que estejam. Este filme é uma viagem musical ao Portugal contemporâneo, a um modo de expressão único e à paixão dos seus intérpretes.

 

A journey into the Alentejo hot countryside region (South of Portugal) discovering Cante music and the life of the a capella polyphonic choirs, originally formed by agricultural workers and miners who seem to express the deep voice of the Earth.

 

ANTE-ESTREIA 24 DE ABRIL 2014

 

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por Augusta Clara às 17:10

Segunda-feira, 28.04.14

CONVICÇÕES XXXIV - Adão Cruz

 

   Recuso considerar a esquematicidade e as técnicas artísticas como dimensão imprescindível e fundamental da arte.

   A arte começa, a meu ver, na intersecção dos factores técnicos com os factores culturais e humanos, isto é, na estruturação e na formação do homem global onde assenta a verdadeira expressão da vida, rampa de lançamento para as questões da essência.

 

 

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por Augusta Clara às 14:00

Segunda-feira, 28.04.14

Só a estupidez é santa - Carlos Esperança

 

Carlos Esperança  Só a estupidez é santa 

 

 

   O Talmude e a Tora, A Bíblia e o Novo Testamento, O Corão e a Sunnah (séc. IX) têm em comum o carácter misógino mas diferem em relação ao álcool, à carne de porco e na defesa do véu e da burka. No islão as proibições atingem o esplendor esquizofrénico, onde até urinar com o jacto virado para Meca é proibido.

Paulo de Tarso moldou o cristianismo. Perseguir era a sua obsessão esquizofrénica sem cuidar do objecto da perseguição. Ouviu vozes na estrada de Damasco e passou a perseguir o que deixara em nome do que abraçou. Juntou a essa tara a vocação pirómana e apelou à queima dos manuscritos perigosos.

Paulo de Tarso odiava o prazer e injuriava as mulheres. Advogou o castigo do corpo e glorificou o celibato, a castidade e a abstinência. É um expoente da patologia teológica, do masoquismo místico e da demência beata - um inspirador do Opus Dei.

O cristianismo herdou a misoginia judaica. O Génesis condena radical e definitivamente a mulher como primeira pecadora e causa de todo o mal no mundo.

As três religiões monoteístas defendem a fé e a submissão, a castidade e a obediência, a necrofilia (pulsão da morte, não a parafilia), a castidade, a virgindade e outras santas aberrações que conduzem à idiotia e ao complexo de culpa do instinto reprodutor.

A história de Adão e Eva é comum à Tora, Antigo Testamento e Corão. Em todos, Deus proíbe a aproximação da árvore da sabedoria mas o demónio incita-os à desobediência.

Aliás, o pecado é definido como a desobediência a Deus, ou seja, à vontade dos padres.

As páginas do Corão apelam constantemente à destruição dos infiéis, da sua cultura e civilização, bem como dos judeus e cristãos (por esta ordem) em nome do mesmo Deus misericordioso que alimenta a imensa legião de clérigos e hordas de terroristas.

 

Fonte: Traité d’athéologie, Michel Onfray - Ed. Grasset & Fasquelle, 2005

 

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por Augusta Clara às 10:00

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