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Jardim das Delícias



Sábado, 31.10.15

Melody of Tears and Rain - Beethoven

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Beethoven  Melody of Tears and Rain

 

 

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por Augusta Clara às 20:00

Sábado, 31.10.15

"De um emboscado deus os sons que escreves" - Natália Correia

ao cair da tarde 5b.jpg

 

Natália Correia  "De um emboscado deus os sons que escreves"

 

sergey kamennoy e olga kamennoy, serenata, acríli

 

(Sergey Kamennoy e Olga Kamennoy)

 

 

De um emboscado deus os sons que escreves

Vêm secretamente do infinito.

É p’ra escrever que as tuas mãos são leves,

Submissas asas de um misterioso espírito.

 

Alheia te é a música que atreves;

Teu é o fado, o precipício, o rito

Da dor que faz passar entre horas breves

A voz de um deus escondido no teu grito.

 

Cercado por crepúsculos de sabres,

A vida perfumar com as rosas que abres

Te é mister, poeta grácil de olhos tristes.

 

Desafias os astros? Não te gabes.

És sábio de saber que nada sabes.

Estás a mais no mundo e não existes.

 

(in O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, Vol. II, Círculo de Leitores)

 

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por Augusta Clara às 17:00

Sábado, 31.10.15

Miúdos como os nossos - Adriana Costa Santos

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Adriana Costa Santos  Miúdos como os nossos

 

Adriana Costa Santos1.jpg

 

Uma criança, é uma criança, é uma criança.

 

   Chegada à Paz (Visão), 30 de Outubro de 2015

   Hoje, o pequenino Ahmed venceu a timidez e veio perguntar-me o meu nome. Há uma semana só abanava a cabeça, quando me metia com ele, enquanto se escondia atrás do tio. Já fala francês, aprendeu aqui no centro com a professora Cécile, e estava cheio de vontade de me mostrar. Com um grande sorriso, continua a conversa, dizendo-me o seu nome, que vem da Síria e gosta de jogar futebol no parque. Tem 8 anos. Elogiei-o e fiz uma apresentação do mesmo género, disse-lhe de onde vinha, nome, idade, e que gostava de desenhar.

Desenhei vários animais e ensinei-lhe os seus nomes. Pegou na folha e repetiu-os, contente. Omar, 6 anos, veio juntar-se a nós, intrigado, e ergueu a mãozinha muito esticada para que eu lhe desse "mais cinco". Riu-se muito, puxou a fita que me prendia o cabelo e desatou a correr com ela na mão, maroto. Fui atrás dele, quando o apanhei, virei-o de pernas para o ar e pu-lo a rodopiar. "Ai ai ai", disse-lhe. Passou o resto do dia a repeti-lo. Passava por mim, com um sorriso reguila, puxava-me o braço e dizia "Adriana, ai ai ai".

As crianças dão cor e alegria ao centro de refugiados do Hall Maximillian. É paradoxal o que sinto: custa-me vê-los, tão pequeninos, nesta situação de vida, mas também me alegra constatar a facilidade com que se adaptam a novos ambientes, o facto de não terem memórias longas e a espontaneidade com que se riem de uma brincadeira qualquer.

Afinal, para uma criança, a vida é uma novidade. Não falamos a mesma língua, mas podemos passar horas a rir, a brincar e a comunicar, sem palavras. Talvez não saibam o que significa ser refugiado, apesar de o sentirem, eu isso vejo. Têm uma perceção do exterior mediada pelos sentimentos dos adultos que cuidam deles, sendo assim tocados pela incerteza, instabilidade e insegurança.

Este tempo será de certeza mais fácil para as crianças que viajam em família. Nem quero pensar no que sentem os muitos que foram separados dos pais, entregando-se a outros colos que os trouxeram até aqui, em nome da sobrevivência. Quero acreditar que com imaginação e vivacidade, a sua integração será mais fácil. Como também dará força, cor e esperança aos adultos que com eles caminharam para a paz. Isso vê-se já, aqui no centro.

Tenho observado com interesse que grande parte das doações que chegam ao centro são artigos para crianças. Brinquedos, material de desenho, livrinhos, roupas, carrinhos de bebé e fraldas, para além de sacos de guloseimas e bolachinhas. As pessoas tendem a proteger os mais pequenos, as crias, como se também fossem suas. Ainda bem. Com as crianças é tudo mais fácil, até a solidariedade. Não só são indefesas, como não têm idade para "ter culpa". Ninguém desconfia de que são terroristas, ninguém as vê como ameaças aos nossos empregos, nem sequer têm uma religião diferente. Podemos por isso ser naturalmente solidários e soltar o nosso instinto inconsciente de salvar aqueles que asseguram a continuidade da espécie. Só espero, no entanto, que não nos esqueçamos de que cuidar das crianças é cuidar das suas famílias, que são essenciais ao desenvolvimento e bem-estar destes miúdos fugidos da violência.

O ambiente aqui no centro é emocionalmente confuso e conto com os mais pequenos para manter alguma normalidade e alegria. Hoje, ao fim da tarde, fruto da acumulação de emoções fortes, fome, cansaço, frio e desconforto, houve um desentendimento entre dois homens. Começaram a ouvir-se gritos na casa-de-banho e muita gente se juntou à volta deles para observar a briga.

Corri para ir buscar as crianças, muita violência já elas viram, levei-as para o meu balcão e distribuí sacos de pipocas. Atilhos desatados, mãozinhas afundadas naquela textura agradável e desvaneceram-se as caras de choque, com que fui encontrá-los a todos.

Os sorrisos estavam de volta. Omar lembrou-se logo de atirar pipocas às pessoas, fazendo todos os outros rir. Quando chegou ao fim do pacote, as suas mãos pequeninas não conseguiam recolher as últimas migalhas. Mandei-o abrir a boca e virei o saco ao contrário. Adorou a ideia, pegou nos saquinhos dos outros meninos e tentou despejá-los da mesma forma, fazendo chover pipocas por todo o lado.

Ao fim do dia, a princesinha Aisha, de 2 anos, presenteia-nos a todos com uma grande birra na casa das roupas. Quer escolher ela. A mãe, de bebé ao colo, está evidentemente cansada e desiste. Eu deixo a filha mexer em tudo à sua vontade. Muitas manhãs, quando eu tinha esta idade, a minha mãe passava por tormentos assim. Mesmo com a roupa já escolhida na noite anterior, eu mudava de ideias e só queria vestidos ou t-shirts cor-de-rosa. Depois de uma longa negociação, lá chegávamos atrasadas à escola e ao trabalho. Somos todas iguais.

Aisha sai, já no carrinho, com uma mochila da Hello Kitty, meias cor-de-rosa e uns sapatinhos de princesa, de aspeto altamente desconfortável. Da secção das roupas até à saída do centro, apanhei do chão e voltei a calçar-lhe os sapatos cinco vezes. Tenho a certeza de que não chegou calçada ao sítio onde passam a noite, mas é capaz de ter adormecido pelo caminho.

Um pai iraquiano apresentou-me hoje a sua linda filha de cabelos encaracolados. A menina debruçou-se do colo para me abraçar. “Falas inglês?”, perguntou-me o homem. Quando lhe disse que sim, riu-se muito. “Eu não. Só falo árabe”. Um outro refugiado aproxima-se para traduzir e peço-lhe que lhe diga que a menina é muito bonita. “Tem três anos. Ele pergunta se a queres adotar”. Rio para não chorar e digo-lhe que não posso, que as meninas bonitas têm de ficar com os seus pais. Dá uma grande gargalhada e enche a filha de beijinhos. Fiquei sem saber se ele estava a falar a sério.

Neste sítio onde a esperança é a última a morrer, acabamos todos por ser pais e filhos uns dos outros.

 

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por Augusta Clara às 14:00

Sábado, 31.10.15

Entrevista da António Sampaio da Nóvoa à TVI no passado dia 27

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por Augusta Clara às 11:00

Sábado, 31.10.15

"O que é que mais detesto em Cavaco?" - António Pinho Vargas

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   O que é que mais detesto em Cavaco? Nem sequer é propriamente o político, em sentido estrito. Mas antes o facto de sermos todos, sobretudo os nascidos nos seus consulados de 80 e 90, "filhos de Cavaco". Entendam-me, por favor. Que valores transmitiu? Que formas insidiosas conseguiu fazer penetrar nas nossas formas de vida? Que estragos provocou? O mais feroz individualismo, a ideia fixa de conseguir sucesso a qualquer preço, a corrosão do carácter, a razão profunda que conduziu muitos às maiores vigarices, aos maiores assaltos aos bancos e ao enriquecimento acima de tudo o resto, a incultura colossal, a ausência de qualquer pensamento de amizade, de amor, de solidariedade, de respeito pelo outro, sempre pronto a ser reduzido a nada à cotovelada, a cedência aos interesses mais mesquinhos como regra, tudo isto se espalhou na nossa sociedade como um vírus, como uma doença mortal, como uma desgraça colectiva, da qual apenas sobrevivem e mal aqueles que tiveram por trás de si, ou dentro de si, uma força quase impossível de passar à prática perante uma tal intoxicação semi-voluntária, semi-imposta sem nos darmos conta. Em suma, uma profunda crise moral, que, concedo, surgiu em muitos lugares do mundo a par com o triunfo do neoliberalismo, ideologia que apenas deixa livre a possibilidade de querer vencer, enriquecer, humilhar e ignorar tudo o resto e todos os vencidos.

É uma ideologia nefasta de todos os pontos de vista - nem na economia funcionou dada a sua ligação intrínseca à crise de 2008, a crise mundial do dinheiro virtual, do crédito a 0%, do endividamento tresloucado com o qual só alguns lucraram, crédito que, antes e depois de ser considerado mal-parado, provocou em 3 ou 4 décadas o aumento brutal das desigualdades no mundo. Não a inventou mas em Portugal foi o seu introdutor e principal instigador até hoje. Desta herança nunca poderá ter nenhuma espécie de desculpa ou de atenuante.

Sem perdão.

 

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por Augusta Clara às 08:00

Quinta-feira, 29.10.15

Vieste do Fim do Mundo - Gisela João

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Gisela João  Vieste do Fim do Mundo

 

 

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por Augusta Clara às 21:00

Quinta-feira, 29.10.15

Outra voz - Maria do Rosário Pedreira

ao cair da tarde 5b.jpg

 

Maria do Rosário Pedreira  Outra voz

 

liz gribin1.jpg

 

(Liz Gribin)

 

 

Ela não pediu esse silêncio. Mas também nada fez

para defender-se dele ou dominá-lo. Quando entrou,

a casa tinha-se calado de repente, as coisas dele

tinham mudado de lugar, desaparecido, e não importava

que tivesse sido ela própria a escondê-las, de véspera,

na arca das lãs que só voltaria a abrir no inverno.

 

Ela não quis conhecer esse silêncio. Soube apenas

que não voltaria a ouvir a voz dele

no espelho do seu quarto - a outra voz.

 

Sentou-se no chão e abriu um pequeno livro de capa azul.

Naquele fim de tarde, só mesmo os livros podiam dizer

algo mais do que o silêncio - essa outra voz.

 

(in A Casa e o Cheiro dos Livros, Gótica)

 

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por Augusta Clara às 18:00

Quinta-feira, 29.10.15

Que dia é hoje? - Adriana Costa Santos

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Adriana Costa Santos  Que dia é hoje?

 

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Oda sonha com o derrube do regime sírio, mas não tem vontade de voltar à pátria.

 

Chegada à Paz (Visão), 28 de Outubro de 2015 

 

   Oda e eu somos filhos da mesma fornada. Em junho de 1994, a minha mãe e a dele chegaram ao fim da gravidez e prepararam-se para trazer mais um bebé a este mundo, ambas com algumas reticências quanto à conjuntura política do mundo, mas nada que lhes tirasse a felicidade própria da ocasião.

Desde que aprendi a falar, a minha família ensinou-me a pensar, a refletir e a contestar aquilo que não achasse justo, o meu avô sempre se orgulhou do meu lado revolucionário, característica que, no meio em que cresci, foi tão incentivada como alvo de brincadeiras e piadas sem maldade. No caso deste meu contemporâneo, a sua capacidade de questionar e reivindicar não pôde ser vista com tanta ligeireza. Nos anos da adolescência, juntou-se a um grupo de rebeldes como ele, que acreditavam na mudança e espalhavam uma mensagem de contestação e luta pela liberdade. Tornou-se oficialmente inimigo do Estado sírio aos dezasseis anos. Um terrorista.

Não quis entrar em pormenores, contou-me apenas que tinham matado todos os seus amigos, depois de serem perseguidos, presos e torturados. Aos dezassete, fugiu com a família para o Egito, entrou para a faculdade de engenharia no Cairo e, passados dois anos, o seu passaporte caducou. Foi à embaixada para renovar os documentos, mas o funcionário estava a par da sua situação criminal. Negaram-lhe a documentação, ordenaram-lhe que regressasse à Síria. Só tinha uma alternativa: fugir.

Oda deixou a família na capital egípcia e partiu para a costa, onde apanhou um barco ilegal que o levaria a ele, com mais trezentos, para Itália. Conhecemos, em Lisboa, essas imagens. Pagou três mil e quinhentos dólares e, navegadas poucas milhas, a embarcação cedeu por excesso de peso e má qualidade dos materiais. O naufrágio tirou a vida a mais de metade dos passageiros.

Oda sobreviveu, conseguiu chegar à costa e durante dois dias andou perdido no deserto. Se a polícia o apanhasse, seria preso por ter embarcado ilegalmente e logo deportado para a Síria, onde a morte, ou pior, o esperava. Conseguiu regressar ao Cairo, arranjar trabalho e juntar dinheiro para a viagem seguinte.

A família, de classe média, reunia também condições para ajudar o filho a sair do Egito. O total da passagem para a paz viria a ultrapassar os 10 mil euros. Da Turquia, Oda partiu para as ilhas gregas, num barco pequenino com o dobro do número aconselhável de passageiros. De Atenas viajou para a Macedónia e foi a pé até à Sérvia. Conta-me isto tudo com uma calma que me surpreende.

Atravessou a caótica fronteira húngara a pé, com milhares de desconhecidos. Conseguiu um táxi para Budapeste, dali um carro particular até Viena e por fim um comboio para Bruxelas, onde nos encontrámos. Já cá está há três meses e meio. Dorme em casa de um primo e passa o dia no centro para ter comida e uma muda de roupa.

"Amanhã vemo-nos de certeza", diz-me à despedida, "eu estou sempre aqui, farto desta vida, desta espera, não faço ideia se hoje é terça, domingo ou sexta-feira."

A verdade, que me dói, é que não mudaria nada se Oda soubesse que dia é hoje. O meu amigo quer continuar a estudar e voltar para a família, no Egito, onde tinha uma vida. Sonha com o fim do atual regime sírio, mas não tem vontade de regressar à sua pátria. “Se a guerra acabar nada me resta, tudo foi destruído, já não há nada de bom para ver. Foi-se tudo, já não existe nada do que me faria voltar”.

Oda e eu temos a mesma idade. Temos alguns sonhos em comum, mas oportunidades de vida assustadoramente distantes. Demo-nos bem, trocámos uma história triste, mas também muitos sorrisos. No fim da conversa, ele tinha os olhos brilhantes, quis confortá-lo, mas nunca hei de saber o que dizer. Ele também não saberia. Sorri-lhe. “Temos de esperar, vai tudo resolver-se”, foi o melhor que me saiu. Oda e eu temos a mesma idade.

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por Augusta Clara às 14:00

Quinta-feira, 29.10.15

Ricardo Salgado, a política e o XX Governo Constitucional - Carlos Esperança

 

carlos esperança.png

 

   A primeira candidatura de Cavaco a PR foi concertada em casa de Ricardo Salgado, que ofereceu o jantar e o ungiu, tendo como hóspedes e cúmplices os casais Durão Barroso e Marcelo Rebelo de Sousa, todos casais da sua confiança.

O maior erro de casting para Belém nasceu pela mão do mais perigoso banqueiro para a economia portuguesa e o mais mortífero coveiro da credibilidade bancária portuguesa.

Agora, num período dramático para o País, sem o orçamento para 2016 e para enviar a Bruxelas, por culpa exclusiva de Cavaco Silva, que dilatou o prazo das eleições até ao limite, mais sensível aos interesses do seu partido do que aos do País, a democracia está suspensa dos seus humores e rancores.

Este PR foi um mero veículo de propaganda deste PSD. O ódio aos partidos de esquerda levou-o a indigitar Passos Coelho para lhe apresentar uma maioria estável [sem a qual, segundo ameaçou antes das eleições, não daria posse] sem ouvir os outros partidos.

Como comissário político, esqueceu a promessa pré-eleitoral, mera chantagem sobre o eleitorado, e indigitou finalmente, como era seu direito, o líder do maior partido, apesar de saber que não teria apoio parlamentar. Escusava naturalmente de fazer um comício e apelar à vingança sobre os portugueses por terem votado em partidos que o desprezam.

Assim se chegou à constituição do governo que sexta-feira tomará posse, ao meio dia, em cerimónia patética. Tal como as faturas pró-forma pedidas às empresas antes de decidirmos a compra, teremos um governo pró-forma.

A decadência ética da coligação atingiu o auge com a nomeação do vice-presidente do PSD, Marco António, para seu porta-voz, e para ministro das polícias Calvão da Silva, o atestador da idoneidade de Ricardo Salgado no caso do presente de 14 milhões de euros e autor do parecer que habilitou o Banco de Portugal a manter-lhe a idoneidade.

Não bastavam as nomeações de boys, a manipulação da devolução da sobretaxa do IRS, e o congelamento de despedimentos em empresas de amigos até ao dia seguinte ao das eleições. A herança de quem quis eternizar-se no poder é demasiado trágica e dolorosa mas um módico de patriotismo impunha, por razões de higiene cívica, que esta maioria, este Governo e este PR fossem neutralizados.

 

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por Augusta Clara às 08:00

Quarta-feira, 28.10.15

"Cai a chuva no portal" - Lídia Jorge

ao cair da tarde 5b.jpg

 

Lídia Jorge  "Cai a chuva no portal"

 

edvard munch1.jpg

 

(Edvard Munch)

 

 

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa cortina
Não a corras, não a rasgues, está caindo
Fina chuva no portal da nossa vida.
Gotas caem separando-nos do mundo
Para vivermos em paz a nossa vida.

Cai a chuva no portal, está caindo
Entre nós e o mundo, essa toalha
Ela nos cobre, não a rasgues, está caindo
Chuva fina no portal da nossa casa.
Por um dia todos longe e nós dormindo
Lado a lado, como páginas dum livro.

 

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por Augusta Clara às 08:00

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