Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Jardim das Delícias



Segunda-feira, 24.12.18

Natal - Salvador Dali

salvador dali, christmas1.jpg

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 12:26

Quinta-feira, 20.12.18

Adão Cruz, 2018

ao cair da tarde 5b.jpg

 

Adão Cruz

 

IMG_5879a.jpg

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 13:48

Quarta-feira, 05.12.18

Agonia - Cesare Pavese

ao cair da tarde 5b.jpg

Cesare Pavese  Agonia

86a1b8dbc9648a66f383e6a479227837a.jpg

(Goli Mahallati)

Irei pelas ruas até cair morta de cansaço
saberei viver sozinha e reter nos olhos
cada rosto que passa e continuar a ser a mesma.
Esta frescura que sobe e me busca as veias
é um despertar que em manhã nenhuma sentira
tão real: sinto-me simplesmente mais forte
que o meu corpo e um arrepio mais frio acompanha a manhã.

Longe vão as manhãs em que tinha vinte anos.
E amanhã, vinte e um: amanhã sairei para a rua,
lembro-me de cada pedra da rua e das nesgas de céu.
A partir de amanhã as pessoas ver-me-ão outra vez
de pé e caminharei direita e poderei parar
e mirar-me nas montras. Nas manhãs do passado,
era jovem e não sabia, nem sabia sequer
que era eu que passava — uma mulher, dona
de si mesma. A rapariguinha magra que fui
despertou dum pranto que durou anos:
agora é como se esse pranto nunca tivesse existido.

E desejo só cores. As cores não choram,
são como um despertar: amanhã as cores
voltarão. Cada mulher sairá para a rua,
cada corpo uma cor — e até as crianças.
Este corpo vestido de vermelho claro
após tanta palidez voltará à vida.
Sentirei à minha volta deslizarem os olhares
e saberei que sou eu: olhando à volta,
ver-me-ei no meio da multidão. Em cada nova manhã,
sairei para a rua em busca das cores.,

(in TRABALHAR CANSA, tradução e introdução de Carlos Leite, Cotovia)

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 14:00

Terça-feira, 04.12.18

Os olhos do poeta - Manuel da Fonseca

ao cair da tarde 5b.jpg

Manuel da Fonseca  Os olhos do poeta

IMG_5805a.jpg

(Adão Cruz)

 

O poeta tem. olhos de água para reflectirem todas as
cores do mundo,
e as formas e as proporções exactas. mesmo das coisas
que os sábios desconhecem.
Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há
entre as estrelas.
e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da
miséria,
com as silhuetas escuras dos meninos vadios
esguedelhados ao vento.
Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias
vencidos
e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos
na luta entre as pátrias
e o movimento uiulante das cidades marítimas onde se
falam todas as línguas da terra
e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com
as mãos vazias e calejadas
o a luz do deserto incandescente e trémula, e os gelos
dos pólos, brancos, brancos,
e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que
não noivaram
e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando
como contos-de-fada à hora da infância
e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas
e correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando
a tempestade:
— todas as cores, todas as formas do mundo se agitam
e gritam nos olhos do poeta.
Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um
promontório.
sai uma estrela voando nas trevas
tocando de esperança o coração dos homens de todas
as latitudes.
E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho
nos olhos do poeta
que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite
de angústia que pesa no mundo.

(Poemas Completos, Forja)

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 16:10



Pesquisar

Pesquisar no Blog  

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes


Links

Artes, Letras e Ciências

Culinária

Editoras

Filmes

Jornais e Revistas

Política e Sociedade

Revistas e suplementos literários e científicos