Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Jardim das Delícias



Sexta-feira, 26.06.20

Cemitério dos livros NÃO esquecidos - Eva Cruz

ao cair da tarde 5b.jpg

Eva Cruz  Cemitério dos livros NÃO esquecidos

carlos ruiz zafon.jpg

   Todas as mortes chocam e incomodam. São vidas perdidas, irreparáveis, que matam outras vidas que continuam a ter de viver. Há uma sombra permanente que nunca mais deixa o sol ou a lua terem o mesmo brilho. Qualquer perda de uma vida deixa alguém a sofrer, penso eu, mesmo a daqueles que estão sozinhos no mundo, mesmo a dos maus, que por aqui cá andam apenas a fazer estragos. Pelo menos comigo, eu sinto que há sempre algum grau de compaixão que me assiste, talvez por tanto amar a vida e odiar a morte.

Recentemente, houve uma morte que mexeu muito comigo, a do escritor Carlos Ruiz Zafón. Gosto muito de ler. A leitura é e sempre foi um dos maiores prazeres da minha vida. No entanto, há livros e livros, há escritores e escritores. Estudei várias literaturas e li muitos livros. Reconheço que sou muito exigente quanto aos temas e particularmente quanto à forma. A arte literária, a arte da palavra contém em si uma harmonia, uma melodia e uma textura poética muito especial que têm muito que se lhe diga. Sem qualquer presunção, posso dizer que há livros e escritores consagrados que me dizem pouco. Como em qualquer expressão artística, consagra-os um júri ou um qualquer elenco seleccionado por critérios restritos e depois a fama encarrega-se do resto. Assim vivem os consagrados à custa dos consagradores e vice-versa. E quantas vezes apetece gritar que o rei vai nu.

Zafón é e será sempre um ícone, apesar de ter escrito pouco e ter poucos galardões. É um escritor apaixonante, arrebatador, não só pela força da imaginação, pela criação difícil e nada fútil do enredo, mas sobretudo pela forma como constrói a narrativa. Confesso que não gosto muito de livros grandes. Cansam-me. Porém, isto não me acontece com Zafón.

Dos livros que li de Zafón, “A Sombra do Vento” tocou-me particularmente. É um labirinto de emoções e sensações que deixam o leitor apaixonado por uma leitura impossível de parar, que arrebata até ao fim. Carlos Ruiz Zafón é um verdadeiro escritor, um romancista a sério. E o Romance “é uma pequena carta de amor à arte da narrativa, ao ofício de criar e contar histórias, uma homenagem a quem as constrói palavra a palavra”.

Aqui lhe deixo esta singela homenagem, uma flor branca no “Labirinto dos Espíritos “a um “Prisioneiro do Céu” como “o Jogo de um Anjo” na “Sombra do Vento”.

Que os seus livros fiquem para sempre no mágico lugar do” Cemitério dos livros NÃO esquecidos.”

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 13:44

Domingo, 21.06.20

Adão Cruz, 2020

IMG_6317a.jpg

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 13:09

Sábado, 20.06.20

Adão Cruz, 2020

IMG_6318a.jpg

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 16:04

Sexta-feira, 12.06.20

Adão Cruz, 2020

IMG_6313a.jpg

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 22:13

Quinta-feira, 04.06.20

A vida - Eva Cruz

ao cair da tarde 5b.jpg

Eva Cruz  A vida

claudia tremblay1.jpg

 

(Claudia Tremblay)

   As notícias incomodam. Não basva o vírus associado
aos números funestos, aos doentes, à morte e ainda
todos os dias somos fustigados com casos de
afogamento, suicídio, raptos e assassinatos de violência
extrema. Há uma tal desvalorização da vida que a
substituem, de ânimo leve, pela morte irremediável que
tudo acaba. Matam-se pessoas como quem mata pulgas
ou formigas. Alguns actos são tão estranhos e hediondos
que me tiram o sono. Ainda não estava longe a morte da
pobre pequenita Valentina, já surge o da jovem estudante
de Évora, morta por um colega, também ele na flor da
vida. Gente com o ar mais normal, com um sorriso a
inspirar ternura e compaixão, onde não se vislumbra uma
réstia da maldade que pode levar a tais actos. Não sei o
que será pior para um ser humano se a morte dela se a
destruição da vida dele, já que ela nada mais sentirá, dure
a eternidade o tempo que durar, e ele irá justamente
amargar o sofrimento eterno de uma vida. Estou nestas
cogitações, quando ao lado da minha porta, mesmo à
frente dos meus olhos, em plena luz do dia, um homem
com uma faca espetada na barriga pela mão de alguém,
segundo consta, inundado de álcool ou droga, esperava
pela ambulância. Aparato policial, homens fardados dos
pés à cabeça, uma paisagem lunar na pacatez da rua. Ao
mesmo tempo, na mais indiferente televisão, um polícia a
esmagar o pescoço de um negro como quem esborracha

uma barata, pelo “terrível” crime de querer pagar com
uma nota de vinte dólares, presumivelmente falsa. Muito
para cá da ancestral barbárie, da irracional inquisição, do
inferno do holocausto, nunca pensei ser tão difícil, nos
dias de hoje, entender os fantasmas da mente humana e
delinear as fronteiras entre a sanidade e a loucura.
Para além de todos os factores de ordem genética,
biológica, cultural, social, psicológica e educacional ainda
acredito que a família, a escola, o meio social e laboral
podem ter o mais determinante papel no crescendo ou
na prevenção destes crimes com que nos deparamos.
Porém, a verdadeira causa é muito profunda e radica, a
meu ver, nos crimes de colarinho branco, no abominável
camuflado tráfico de droga por pessoas tidas como gente
de bem, na ganância desenfreada, no obscurantismo de
toda a espécie, muitas vezes acenando e encenando o
Bem para praticar o Mal. Sociedade tão bárbara que me
tira o sono e a vontade de sonhar com um Mundo
Melhor.

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Augusta Clara às 16:19



Pesquisar

Pesquisar no Blog  

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Anónimo

    Porto é melhor que Benfica, isto é uma prova clara

  • SOL da Esteva

    Magnífica verdade,"[...] que viver dos outros impl...

  • Inês

    Obrigada! Texto maravilhoso a ler e reler! Desde p...

  • lucindaduarte

    Muito interessante este texto do Raul Brandão. Que...

  • Augusta Clara

    Desculpe, mas isto é demasiado grande para ser o c...


Links

Artes, Letras e Ciências

Culinária

Editoras

Filmes

Jornais e Revistas

Política e Sociedade

Revistas e suplementos literários e científicos