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Delícias são tudo o que nos faz felizes: um livro, a magia dum poema ou duma música, as cores duma paleta ... No jardim o sol não raia sempre mas pulsa a vida, premente.
Eva Cruz Peregrina da saudade
(Tara Turner, "The same but different")
A estrada é de maias amarelas. Solitário, o asfalto cinzento guia os olhos por detrás das lágrimas. Os montes caem em socalcos desdobrando a verdura sob o brilho do sol, coado por núvens brancas a delir-se. As maias são o tempo passado que há-de voltar. O tempo, tal como o rio, não é de parar.
Os plátanos soltam as plumas e no rio de sombras e brumas cai o sol a brilhar. Para tràs ficaram as maias amarelas e parte da vida com elas. O Maio há-de voltar de novo, a florir, quer deseje cá estar, quer deseje partir.
O rio, negro e fundo, corre manso e frágil sob as águas trémulas, cobertas de algodão branco, como manto de neve no calor da tarde. Nem o algodão branco, nem os pássaros vestidos de céu devolvem ao rio da vida o brilho que a vida perdeu.
Peregrina da saudade, percorro os mesmos caminhos e atravesso as mesmas pontes, segurando-te a mão. Lá em baixo, o rio reflecte o mesmo céu, mas as aves nada me dizem, não sabem de ti.
Oiço apenas o eco dentro de mim, o eco da serenidade e da partilha , para o bem e para o mal, naquele cantinho enfeitado com o meu chá e o teu jornal.
Escrevo-te da varandinha do quarto para te dizer que os plátanos estão enormes. São dois, entrelaçados, abraçando o céu. Como nós, se a noite não fosse vazia e a mão estendida não fosse apenas a coberta branca e macia.
No banco, à beira do rio, o cantar das rãs rompe a saudade. Tenho tanta inveja do rio, sempre vivo, sem idade!
Peço às estrelas que escrevam no céu, ao lado de Corconte, a lenda do Palácio cor-de-rosa, que no silêncio daquela tarde, reflectido nas águas do rio, retoma lentamente e para sempre a cor da pedra.
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Obrigada! Texto maravilhoso a ler e reler! Desde p...
Muito interessante este texto do Raul Brandão. Que...
Desculpe, mas isto é demasiado grande para ser o c...