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Delícias são tudo o que nos faz felizes: um livro, a magia dum poema ou duma música, as cores duma paleta ... No jardim o sol não raia sempre mas pulsa a vida, premente.
Adão Cruz Poema do desgaste e do contraste
(Adão Cruz)
Há muito que não saía à rua
há muito que não saía fora de mim
em direcção ao meu corpo abandonado
estendido em fria paleta sem cor
sobre um manto de poemas carcomidos
ruídos de musgo e manchas de bolor.
Há muito que não saía à rua
há muito que não sentia a dor
do desprezo da poesia
feita espuma de coisas impalpáveis
escaldantes, abertas e sangrantes
no sofrido labirinto da alma vazia.
Há muito que não saía à rua
há muito que não me apercebia
um só momento
do cantar bronco do poeta
em perpétuo e estúpido invento.
Há muito que não saía à rua
há muito que não dobrava a porta
deste corpo abandonado
na escuridão de uma noite peregrina
de lacrimosas horas perdidas
em poemas de cinza em cada esquina.
Há muito que não saía à rua
há muito que não sentia o abrigo dos lençóis
e pisava o chão purulento do degredo
na lama fria dos poemas e do medo
que rompiam as cadeias do meu corpo.
Há muito que não saía à rua
há muito que as linfas secaram a felicidade
mudando o cair da noite e o nascer do dia
em matéria grosseiramente física
de versos telúricos, celulósicos, iónicos
sem poesia nem liberdade.
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Porto é melhor que Benfica, isto é uma prova clara
Magnífica verdade,"[...] que viver dos outros impl...
Obrigada! Texto maravilhoso a ler e reler! Desde p...
Muito interessante este texto do Raul Brandão. Que...
Desculpe, mas isto é demasiado grande para ser o c...