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Delícias são tudo o que nos faz felizes: um livro, a magia dum poema ou duma música, as cores duma paleta ... No jardim o sol não raia sempre mas pulsa a vida, premente.

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Adão Cruz, 2020

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Este quadro é dedicado ao fim da quarentena

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Eva Cruz e Adão Cruz Vinte e cinco de Abril

(Adão Cruz)
O Vinte e Cinco de Abril é um poema universal, uma janela sagrada, um poema tantas vezes ignorado, uma janela tantas vezes fechada por quem nunca entendeu o que em Abril aconteceu. É muito difícil entender a alma dos valores, da profundidade dos versos deste poema, a abertura desta janela que dá para horizontes infinitos.
Aproxima-se esta data gloriosa num mês de sofrimento e isolamento. Por isso não a podemos celebrar com o brilho e a cor que esta ditosa Revolução dos Cravos merece, porque recordar e comemorar Abril é ensinar em tudo quanto é lugar, na escola, na rua, no trabalho que o Vinte e Cinco de Abril foi um fenómeno universal de iluminação das consciências, um glorioso hino de liberdade, gerador de profundas mudanças sociais e mentais em Portugal e em muitos países do mundo.
O Vinte e Cinco de Abril foi um dos fenómenos político- socais de maior importância pedagógica dentro de uma sociedade encarcerada em mitos, preconceitos, obscurantismos que formataram e aviltaram a vida. Os seus valores, nem sempre entendidos e bem interpretados por muita gente, foram repensados e desenvolvidos ao longo dos tempos, percorreram o mundo de-lés-a-lés, renascendo e reproduzindo-se em elevados conceitos de direitos e deveres, de justiça e dignidade do cidadão no seio de um colectivo humano.
O Vinte e Cinco de Abril aconteceu há quase meio século. Não há muito tempo, do ponto de vista histórico. Penetrou, porém, com tal impacto em cada um de nós que nos fez repensar ideias e ideais. Que cada um recorde aqueles que tenazmente lutaram para que ele acontecesse. Neste tempo de confinamento, o nosso pensamento e a nossa palavra devem recordar a luta dos presos políticos que, muitas vezes, à custa da própria vida, levaram a que a Revolução explodisse. Quando pensamos nas nossas queixas e nas de tantos, cansados de estarem metidos dentro de quatro paredes durante escassas semanas, no conforto das suas casas, com dinheiro e comida, dotados de modernos meios de comunicação, vem-nos à cabeça a exiguidade de uma cela, a imposição do segredo, a tortura e a morte de tantos que consumiram a flor da sua vida pelo ideal da Liberdade. Verdadeiros mártires sem quaisquer aspirações a santos.
Os tempos de hoje são de pouca alegria, de medo, mas também de esperança. Por isso nos curvamos perante a grandeza deste dia, desejando que a História nunca o apague do coração da Humanidade, sobretudo do coração do Povo Português que o acolheu de braços abertos e o enfeitou orgulhosamente de Cravos Vermelhos.

Abril abriu muitas portas, por uma delas passou o Serviço Nacional de Saúde que, justamente, se enaltece no dia da Liberdade. Nesta data histórica, a Direção do Sindicato dos Médicos do Norte realça a importância de um Serviço Público de Saúde universal e inclusivo, sem o qual não seria possível o combate sem tréguas à epidemia que nos assalta.
A Direcção do SMN
Adão Cruz HOMENAGEM
Sou médico há 56 anos. Lembro-me de sentir muitas vezes na minha vida profissional, vida que procurei levar o mais eticamente, o mais competentemente, o mais dedicadamente e conscientemente possível, desilusões e mesmo algum sentimento de desonra em pertencer à classe médica. Tudo isto, por comportamentos desviantes dentro da própria classe, dentro da sua especial missão de vida, que feriam o nosso principal tesouro, a dignidade e o profundo sentimento humanista.
Sempre tive e ainda tenho muitos amigos das mais diversas profissões, desde trabalhadores mais humildes até cientistas, empresários, políticos e banqueiros. A todos, de formas obviamente diferentes, nunca os deixei de homenagear com a minha leal e sincera amizade, e com o reconhecimento e admiração por muitos exemplos das suas vidas. Porém, esta pandemia que hoje está a roer a nossa existência individual, familiar e social criou em mim, no meio de todos os males, sentimentos que eu nunca havia experimentado de forma tão emocionada e profunda. Por isso a minha homenagem, nesta altura, a todos os profissionais de todas as áreas, amigos e desconhecidos, não pode caber dentro de limites, pois em situação tão complexa, tão intrincada e tão interactiva, é muito difícil separar os mais importantes dos menos importantes.
Nesta infelicidade que nos bateu à porta, há, no entanto, uma multidão de seres humanos que me levaram, indiscutivelmente, à reconquista de uma honra especial em pertencer à sua classe, a classe médica e o Serviço Nacional de Saúde. Um Serviço Nacional de Saúde, fruto do glorioso Vinte e Cinco de Abril, prestes a ser celebrado, um Serviço Nacional de Saúde que abrange políticos, autoridades sanitárias, administrativos, médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal mais anónimo, todos imprescindíveis ao seu funcionamento e ao seu mais sólido e nobre futuro. A todos a minha homenagem.
Fiz cuidados intensivos há largos anos, quando as unidades de cuidados intensivos começavam a aparecer, de forma muito primária, comparadas com as de hoje. Mesmo assim, senti bem fundo a responsabilidade e a abnegação que elas exigiam. Por isso, não me levem a mal que eu deixe aqui uma homenagem muito especial, acima de todas as homenagens, ao trabalho de todo o pessoal que de uma forma heróica dedica as suas vidas, nestes dias tão negros, à prática intensivista, em Portugal e fora de Portugal. São para mim, sem margem de dúvidas, os Heróis da actualidade, aos quais cada país, depois da vitória, deveria erguer o mais majestoso e merecido monumento.
20.04.2020



Augusta Clara de Matos A nossa liberdade e a dos outros

No dia em que celebramos a nossa libertação do regime fascista de Salazar e Caetano não consigo alhear-me da malvadez e da cobardia que assola outros povos e outros homens justos tratados, neste momento, como criminosos de alta perigosidade enquanto os verdadeiros crápulas gozam de liberdade vestindo a pele de carrascos.
O caso de Lula da Silva é paradigmático e torna-se desnecessário explicar o que já foi repetidamente explicado por conceituados advogados e outras personalidades do próprio Brasil e de todo o mundo. Não cessa a actuação fascista dos juízes, um que o condenou sem provas, o bandalho Moro, outra a juíza que tem proibido, contra a Constituição brasileira e contra todas as leis em vigor, as visitas a Lula até de advogados seus e de uma comissão do poder legislativo a quem é proibido impedir a fiscalização das condições em que um preso se encontra.
Em Espanha, onde os franquistas no poder já investem contra tudo o que mexe, até contra o amarelo das camisolas dos catalães, chega-nos hoje a notícia de que Cristina Fuentes, a presidente da região autónoma de Madrid, se viu obrigada a demitir-se pela revelação de um vídeo de 2011 a roubar cosméticos num supermercado, depois de já ter sido alvo de acusações sobre a obtenção fraudulenta de um mestrado. Assim marcha a política de Rajoy e do seu bando pró-franquista a favor da unidade do reino de Filipe VI.
Mas o que mais me revirou o âmago foram as notícias sobre a Síria.
Seguindo o padrão das descaradas guerras-negócio dos últimos tempos em que primeiro entra em cena o cartel das armas com todos os milhares de vítimas necessários ao lucro, segue-se o cartel da reconstrução. E, então, ouvi eu, a Síria “já” conta com donativos de quatro (4) milhões de dólares para se reerguer das cinzas. Também há Jonets das guerras.
Com toda a tristeza, raiva e revolta que me assalta, a única boa sensação é a de que a Síria resistiu à usurpação dos casposos do Ocidente.
Os povos sempre resistem à tirania, sempre. Na Síria, como na Catalunha, no Brasil e em Portugal.


Adão Cruz 25 de Abril

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